Política

Artistas, servidores e indígenas impõem onda de protestos a Bolsonaro

Ruas de Brasília serão ocupadas nas próximas semanas por grupos que pressionam o governo federal e o Congresso Nacional

  • quarta-feira, 9 de março de 2022

Foto: Montagem pensarpiauíManifestações
Manifestações

 

metrópoles - A redução das restrições impostas pela pandemia de coronavírus e o aumento da fervura política à medida que se aproximam as eleições formam uma mistura explosiva pra o presidente Jair Bolsonaro (PL), que será alvo de protestos com potencial de repercussão nas próximas semanas.

Milhares de indígenas e um grupo de artistas e ativistas liderados por Caetano Veloso virão a Brasília pressionar o Congresso, mas também apontam seus discursos contra o presidente da república. Ao mesmo tempo, servidores federais inconformados com a previsão de reajuste apenas para policiais ameaçam o governo com greves.

As manifestações que pretendem ocupar Brasília começam nesta quarta-feira (9/3). É para quando está marcado o Ato em Defesa da Terra, no qual Caetano Veloso, Alessandra Negrini, Daniela Mercury, Malu Mader e representantes de movimentos sociais, como o MST, vão pressionar os parlamentares pela derrubada de projetos de lei que afrouxam medidas de proteção ambiental e são prioridade do governo Bolsonaro.

“Acho que o Brasil tem de tornar os atos do poder público igualitários e criativos e parar com o deslumbre pelas forças privadas. Precisa curar-se do delírio neoliberal. O governo que temos agora não tem paralelo com a ditadura, tem saudade dela, paixão pela deformação do poder público. É o avesso do que devemos ser”, disse Caetano, em entrevista recente ao Metrópoles, mostrando o espírito de luta que pretende trazer à capital para combater o que os ativistas chamam de “pacote da destruição ambiental“.

Servidores federais ameaçam greves

Também nesta quarta, servidores do Tesouro Nacional e da Controladoria-Geral da União (CGU) marcaram uma paralização exigindo reajuste salarial. Na quinta (10/3), servidores do Banco Central prometem parar pelo mesmo motivo. E a ameaça é de uma greve geral por tempo indeterminado a partir do dia 23.

Bolsonaro irritou o funcionalismo federal ao separar verba para corrigir perdas salariais apenas de policiais federais, policiais rodoviários federais e agentes penitenciários da União. Ainda não confirmou os aumentos, mas também não os descartou. Essas e outras categorias planejam um calendário de atos e paralisações para as próximas semanas e ameaçam com um greve nos moldes da de 2012, contra o governo Dilma Rousseff (PT), na qual houve uma longa paralisação unindo diversos sindicatos.

Determinado na intenção de conceder o aumento a categorias que compõem sua base política quando fala em privado com seus representantes, Bolsonaro mantém um discurso ambíguo em público. No início de fevereiro, disse que a “grita geral” de servidores poderia obrigar o governo a recuar.

“Se houver entendimento por parte dos demais servidores, [sei] que alguns ameaçam greve e etecetera, a gente pretende conceder a recomposição aos policiais federais, rodoviários federais e agentes penitenciários”, disse Bolsonaro, em entrevista à TV Brasil, que é estatal. “Se não houver entendimento, a gente lamenta e deixa para o ano que vem”, completou ele.

Oito mil indígenas na capital

No início de abril, entre os dias 4 e 8, o governo terá de lidar com uma mobilização estimada em oito mil indígenas de 160 etnias, que vêm para o 18º Acampamento Terra Livre.

Os indígenas também vão protestar contra retrocessos na legislação ambiental e pedir a volta da demarcação de suas terras originárias – pauta a que Bolsonaro se opõe sempre que pode. Os representantes indígenas pretendem lutar também contra a vontade do governo de acelerar a votação de projetos de lei que possibilitem a mineração em terras indígenas, assunto que ganhou força com a crise no abastecimento de fertilizantes que pode vir como reflexo da guerra entre Rússia e Ucrânia.

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