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A história de Dona Cabeluda, a mais famosa cafetina da Bahia

Sua vida foi retratada no livro "Uma História de Cabeluda: Mulher, Mãe e Cafetina", escrito por Gleysa Teixeira


Foto: twitterDona Cabeluda, alcunha de Renildes Alcântara dos Santos,
Dona Cabeluda, alcunha de Renildes Alcântara dos Santos,

 

Uma multidão de populares acompanhou o cortejo fúnebre de Dona Cabeluda pelas ruas de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, na última terça-feira, 7 de maio. Dona Cabeluda, alcunha de Renildes Alcântara dos Santos, era a mais famosa cafetina da Bahia.

Dona Cabeluda nasceu em Itabuna, no sul da Bahia, em uma família muito pobre. Deixou a casa dos pais quando ainda era criança, fugindo da violência doméstica. Ao 12 anos de idade, casou-se com um homem bem mais velho.

O casamento foi bastante traumático. Dona Cabeluda era espancada constantemente. Quatro anos depois, farta das agressões, ela fugiu novamente. Passou por várias cidades — incluindo Aracaju, Feira de Santana e Candeias — e exerceu os mais diversos ofícios.

Fixou residência em Cachoeira, onde as dificuldades financeiras a impeliram à prostituição. Na cidade, Dona Cabeluda abriu seu próprio bordel, que se tornaria o mais tradicional "brega" do Recôncavo Baiano.

Foto: ReproduçãoCachoeira
Cachoeira

 

O local ficou conhecido pelas regras rígidas impostas pela proprietária. Dona Cabeluda não admitia a presença de menores de idade, uso de drogas ou tumulto. Clientes embriagados, inconvenientes ou violentos eram expulsos do local — às vezes no braço e na ameaça da bala.

O bordel também se diferenciava dos demais por dar mais autonomia às profissionais do sexo. Dona Cabeluda não cobrava nenhum percentual dos programas feitos pelas mulheres que trabalhavam no local. E os homens que eram alvo de reclamações eram banidos do estabelecimento.

O brega de Dona Cabeluda tornou-se uma referência das noites do Recôncavo. Além de abrigar atividades próprias de um bordel e de congregar há décadas os boêmios cachoeiranos, o local serviu até mesmo para a difusão de atividades educativas e socioculturais, foi palco para peças de teatro e abrigou atividades de extensão oferecidas por estudantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, versando sobre prevenção às IST, direitos sexuais, direitos das mulheres e diversos tópicos na área da saúde.

Dona Cabeluda tornou-se uma figura muito importante e respeitada na cidade de Cachoeira. Era muito admirada por sua generosidade, dedicando-se a ajudar famílias carentes e disponibilizando comida e teto para pessoas em situação de vulnerabilidade.

Sua vida foi retratada no livro "Uma História de Cabeluda: Mulher, Mãe e Cafetina", escrito por Gleysa Teixeira.

Foto: ReproduçãoLivro
Livro

 

Dona Cabeluda faleceu na última segunda-feira, 6 de maio, aos 80 anos de idade, vitimada por um infarto. Sua morte comoveu a comunidade cachoeirana. O velório foi realizado na Câmara de Vereadores de Cachoeira.

Fonte: Perfil "Pensar a História" no twitter 

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