A Administração no Brasil perde com os Militares no comando
Durante as manifestações do impeachment da ex-presidenta Dilma e a campanha eleitoral de 2018, vimos muitos apoiadores do Bolsonaro gritando que queriam a intervenção militar. De uma certa forma a intervenção militar de fato já foi feita, o atual governo literalmente é governado por militares da reserva e da ativa. No entanto, ainda não aparece de forma efetiva para a população que vivemos em um governo civil militar. Isto precisa ser dito e demonstrado que a administração militar é ineficiente.
Reportagem da Revista Consultor Jurídico de 17 de julho de 2020, apresenta uma matéria do jornalista Rafa Santos que mostra o aumento da participação dos militares no governo Bolsonaro. Ele apresenta o Memorando nº 57/2020 - datado de 17 de julho de 2020, emitido pela Secretaria Geral de Controle Externo em atendimento à Comunicação do Ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União onde confirma que o governo federal conta atualmente com 6.157 militares em funções civis. De acordo com o documento o número representa um aumento de 108,22% em relação a 2016.
O dado enquadra os militares, ativos e na reserva, que compõem os cargos civis do governo. No relatório é feito uma comparação com os últimos três governos, abrangendo os anos de 2016, 2017, 2018, 2019 e 2020. O documento informa que no levantamento foi utilizado o mês de março de cada ano como parâmetro de comparação.
Cresceu também o número de ocupantes de cargos comissionados. Atualmente 2.643 estão em postos do tipo. Outros 1.969 estão atuando no INSS em regime de contrato temporário.
Uma gestão incompetente
Os últimos acontecimentos na área da saúde escancararam a incapacidade administrativa do governo civil militar de Bolsonaro. Enquanto o principal avião cargueiro do Exército foi encaminhado para participar de manobras conjuntas com o exército Americano, aqui no Brasil, o Ministro da Saúde, que é militar da ativa, informava que o Brasil não tinha aeronave com os requisitos técnicos para transportar cilindros de oxigênios para socorrer pacientes com covid-19 internados em UTI”s em hospitais de Manaus e que por falta do fornecimento de oxigênio foram a óbitos. Horas depois o Ministro volta atrás e diz que já estava em andamento uma operação com aviões militar para transportar oxigênio para atender aos pacientes.
Outro vexame internacional foi a novela da compra da vacina indiana AstraZeneca/Oxford. Enquanto o governo ornamentava o avião da Azul com faixas publicitárias e marcava a data para ir buscar as vacinas; o chanceler indiano Subrahmanyam Jaishankar, informava ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que não poderia enviar para o Brasil a carga de 2 milhões de doses de vacinas, tendo em vista que no momento, a prioridade da Índia era iniciar a vacinação da sua população.
Estes episódios demostraram mais uma vez a inoperância dos militares frente a administração pública, evidenciando a falta de articulação e capacidade administrativa do governo Bolsonaro. Nos 2 anos de governo civil militar o Brasil já perdeu várias batalhas, sendo a batalha contra a covid-19 a principal.
Este governo de militares se perdeu na condução das políticas públicas de Saúde, Educação, Meio Ambiente, Social, Cultura, Geração de Empregos e Renda, Combate a Corrupção, Econômia entre tantas outras. No entanto, como o governo não tem soluções efetivas para os diversos problemas a saída tem sido se utilizar da intimidação e repressão a jornalistas que tem denunciado tal inoperância. O último episódio lamentável que faz lembra a ditadura de 1964 aconteceu em um comunicado do General de Divisão Richard Fernandez Nunes – Chefe do Centro de Comunicação Social do Exército que exige imediata e explicita retratação da revista Época , por conta da matéria publicada pelo jornalista Luiz Fernando Viana que culpa a inoperância do exército pelas mortes ocorridas em Manaus.
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