"Vou continuar lutando para reconstruir a democracia no Brasil", diz Lula
Em entrevista a canais alemães, ex-presidente afirma que disputa em 2022 será "entre a democracia e o nazismo"

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista a canais de TV alemães, que não teme as ameaças do atual presidente Jair Bolsonaro em relação ao sistema eleitoral e que a sociedade brasileira "não vai aceitar" um eventual golpe.
Aos repórteres Matthias Ebert, do canal de TV público ARD, e Bianca Kopsch, da Deutsche Welle, Lula evitou se confirmar como candidato nas eleições de 2022, mas disse ser "o que a maioria da sociedade quer".
Questionado se, num país bastante polarizado, não deveria dar espaço para um nome novo, o ex-presidente afirmou que o caminho para outras candidaturas está aberto. "Quem quer evitar Lula candidato, não vote no Lula. Quem acha que deve haver outro candidato, se lance como candidato. O que não podemos aceitar é a mentira", declarou.
O petista disse não ver no momento chance de o impeachment de Bolsonaro avançar, mas acredita que o presidente será cassado nas urnas pelo povo brasileiro. Seu objetivo, afirma, é "polarizar mesmo" nas eleições.
"Diga para o povo alemão que aqui no Brasil a disputa entre Lula e Bolsonaro é a disputa entre a democracia e o nazismo. É isso que está em disputa", afirmou.
Lula afirmou ainda que sua principal luta agora é para "reconstruir a democracia", embora ainda seja cauteloso em se apresentar como candidato às eleições de 2022: "Eu posso ser candidato se o meu partido decidir, se eu estiver bem de saúde e se eu conseguir construir uma aliança política."
Questionado sobre o risco de o país permanecer polarizado, Lula diz não ter medo: "Eu quero é polarizar mesmo", justificando que será necessário desmentir Bolsonaro numa possível campanha.
O ex-presidente ainda falou sobre pandemia, políticas ambientais para a Amazônia e o passado recente na prisão: "Não tenho vingança, nem ódio".
Lula é líder nas pesquisas sobre 2022. Segundo o último levantamento do instituto Datafolha, do início de julho, o petista tem 58% das intenções de voto nas simulações de segundo turno, enquanto Bolsonaro tem 31% – uma vantagem mais ampla do que na pesquisa anterior, de maio.
Veja a entrevista na íntegra:
Deixe sua opinião: