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#ToComMST: internet reage a ataques que tentam criminalizar luta pela terra e agroecologia

Manifestações em solidariedade ficaram em destaque no Twitter, associando o MST à luta pela reforma agrária e por alimentação saudável

Foto: ReproduçãoCom 38 anos de existência, MST já foi alvo de quatro CPIs, 'e saiu mais forte de todas elas'
Com 38 anos de existência, MST já foi alvo de quatro CPIs

RBA- Após o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), determinar a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), internautas reagiram à tentativa de criminalizar o movimento. A hashtag #ToComMST figurou em terceiro lugar entre os temas mais comentados no Twitter, na tarde desta quinta-feira (27).

As postagens destacam principalmente a história do MST pela democratização do acesso à terra no Brasil. Além disso, os internautas ressaltaram o papel do movimento na produção de alimentos agroecológicos, livres de agrotóxicos. Também lembraram da atuação solidária dos sem-terra, que doaram 1 milhão de marmitas e 5 mil toneladas de alimentos para os mais necessitados durante a pandemia.

Veja Também: Para MST, CPI na Câmara é tentativa de criminalização dos movimentos populares e Jornalista propõe a criação da CPI do Câncer

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o coordenador nacional do MST João Paulo Rodrigues afirmou que não há fato que a justifique a CPI, que ele classifica como “perseguição política”. E que as ações do movimento estão “dentro do marco da democracia”.

Nesse sentido, ele disse que o MST vai “judicializar” a questão, recorrendo ao Supremo Tribunal Federal (STF), pois considera a CPI “inconstitucional”. Por outro lado, ele aposta em esforços dos deputados de partidos de esquerda para evitar a efetivação da comissão. “Nós já passamos por quatro CPIs, e o MST saiu mais forte de todas elas. A CPI é desnecessária e não acumula para o debate democrático no Brasil.”

Sobre as ocupações que o MST realizou durante sua jornada de lutas que ocorre todo ano em abril, João Paulo destacou que um dos principais objetivos era chamar a atenção da sociedade para o debate em torno da questão da reforma agrária. “Bem ou mal, o tema voltou para a pauta”. Ele afirmou que as negociações avançaram durante o atual governo, mas lamentou que nenhuma ação efetiva foi anunciada.

Cozinha escola e Feira Nacional da Reforma Agrária

Neste sábado (29), às 10h, o MST detalha em entrevista coletiva as próximas ações do movimento pela agroecologia e alimentação saudável: o lançamento de uma cozinha-escola e a volta, após cinco anos, da Feira Nacional da Reforma Agrária. A coletiva será no galpão diante do Armazém do Campo (Alameda Eduardo Prado, 460, Campos Elíseos, na região central de São Paulo). No mesmo local, será aberta a Cozinha Escola Pra Brilhar Dona Ilda Martins.

O evento terá participação de João Pedro Stedile, da direção nacional do MST, e do ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. A cozinha-escola é uma realização da campanha “Gente é Pra Brilhar, Não Para Morrer de Fome” e do grupo de juristas Prerrogativas. Após o ato, será servido um banquetaço, seguido de programação cultural.

A feira é o maior evento de comercialização dos produtos da reforma agrária, com oferta de alimentos saudáveis oriundos dos assentamentos e acampamentos do MST. E se consolidou como programa tradicional de gastronomia típica de todas as regiões – a “Culinária da Terra”. Além de apresentações artísticas e realização de seminários, conferências e lançamento de livros.

A feira, no Parque da Água Branca, também marca o início das comemorações dos 40 anos do MST. A expectativa é levar ao público 1.500 itens dos mais de 1.200 municípios onde o movimento atua.

Confira publicações do #ToComMST nas redes:

Fake news

Antecipando o clima de desinformação que deve contaminar a CPI, o MST desmentiu hoje mais uma fake news. Dois vereadores gaúchos acionaram o Ministério Público do Rio Grande do Sul, acusando o MST de praticar propaganda enganosa. Eles alegam que o arroz agroecológico Terra Livre, produzido pelo movimento, estaria contaminado por agrotóxicos. Um suposto laudo emitido pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) comprovaria a tese dos parlamentares.

A Superintendência de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul abriu processo administrativo para averiguação. Testes realizados pelo órgão comprovaram a ausência de produtos químicos, o que garante a autenticidade da produção orgânica.

O produto foi testado também pelo Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas (LARP), da UFSM. O laudo oficial deixou claro que “não há detectáveis de nenhum dos agrotóxicos analisados nas amostras”. Para acionar o MP, os dois vereadores se basearam em suposto laudo emitido pela própria universidade.

“Trata-se, portanto, de uma nova fake news, que está sendo apurada pelos órgãos competentes, pois seu único objetivo é caluniar as cooperativas e prejudicar as famílias de agricultores que há anos lutam pela produção de alimentos saudáveis nos assentamentos da Reforma Agrária”, afirmou o MST, em nota. O movimento é reconhecido por ser o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, e espera colher 16 mil de toneladas na atual safra.

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