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Superação: Teresinense vence o vício das drogas e mostra seu recomeço

Marcus Fernandes está em tratamento há 11 anos e contou sua história para o pensarpiauí

Foto: Arquivo pessoalMarcus Fernandes, 35 anos
Marcus Fernandes, 35 anos

A dependência química é uma doença crônica caracterizada pelo consumo compulsivo de substâncias químicas. Mundialmente, mais de 36 milhões de pessoas sofreram de transtornos associados ao uso de drogas, de acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas 2021 pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC).

O teresinense Marcus Fernandes, de 35 anos, era uma dessas pessoas. Ele começou consumindo bebida alcoólica socialmente, depois passou a fumar maconha, foi para a cocaína e finalizou no crack. Marcus conta que o crack foi sua perdição.

Ele segue há 11 anos em tratamento, vivendo um dia de cada vez em recuperação, com o apoio da família e da Comunidade Terapêutica Fazenda da Paz. Atualmente, é colaborador na Fazenda da Paz, fotógrafo, designer gráfico e estudante de Marketing Digital.

Foto: Arquivo pessoalComunidade Terapêutica Fazenda da Paz
Comunidade Terapêutica Fazenda da Paz

O pensarpiauí conversou com Marcus, onde ele mostra como sua vida mudou e provou que é possível recomeçar depois do tratamento contra drogas.

Acompanhe essa história de superação. Veja a entrevista na íntegra: 

pensarpiauí- Como foi sua entrada no mundo das drogas? Teve algum motivo?

Marcus- Eu entrei no mundo das drogas assim como a maioria: através de curiosidade, de más companhias, e por não querer ouvir ninguém. Vai começando, vai começando e vai crescendo, quando fui ver, já estava praticamente viciado. Então, o começo foi esse: comecei bebendo cerveja, fumando maconha, cocaína e finalizei no crack. No crack foi onde tive toda a minha perdição. Então o motivo foi esse: curiosidade e más companhias; me deixei levar! Durante todo o tempo pessoas do meu lado, minha família principalmente, sempre me avisaram, “Cuidado! Cuidado! Não faz isso! O que está acontecendo? Quer conversar?” E eu sempre dizia que estava tudo bem, que quando eu quisesse, eu parava, o que não aconteceu; quando fui perceber, já estava totalmente perdido, viciado, no fundo do poço.

pensarpiauí- Como você começou a querer sair da dependência e recomeçar? E quem lhe ofereceu ajuda?

Marcus- A minha família sempre esteve do meu lado, apesar das besteiras que cheguei a fazer. Quando estava no uso, a minha mãe, principalmente, nunca desistiu, mas chega a um ponto em que você não consegue mais sozinho e um dia, eu lembro como se fosse hoje; eu estava em um estabelecimento comercial, tinha uma TV, e naquele momento estava passando uma reportagem justamente sobre isso: “A mudança de vida”, o renascimento da pessoa através da Fazenda da Paz; e eu parei e fiquei olhando o depoimento daquele jovem e me chamou a atenção. Eu assisti e refleti sobre aquilo, vi que era possível! Mas estava de passagem e segui meu caminho. Os dias se passaram e durante eles eu continuei usando, e foi quando bateu uma espécie de depressão pós-uso, então comecei a refletir. Estava no meu quarto, olhei para os lados e não tinha mais nada, já tinha vendido tudo, foi quando eu percebi o quanto estava prejudicando minha família, minha mãe adoecendo, praticamente morrendo, tudo isso por minha causa e eu refleti sobre tudo isso, lembrei do depoimento do jovem, das consequências que estavam acontecendo na minha vida e tudo isso por minha causa, então ninguém melhor do que eu para reverter essa situação. E foi o que aconteceu no dia seguinte: procurei minha mãe e pedi ajuda. Disse que queria um tratamento, e foi um dia muito especial para minha mãe, ela disse que iria me ajudar, e procurou ajuda através dos amigos. Um dia uma assistente social chegou na minha casa e conversou comigo, ela me apresentou a Fazenda da Paz, como funcionava o passo a passo. Então eu demonstrei interesse e fui em busca do meu tratamento.

pensarpiauí- Qual foi o papel do estado na sua reabilitação?

Marcus- O estado do Piauí é referência nacional no tratamento contra o vício em drogas. Uma grande parceria do estado com as comunidades terapêuticas, a Fazenda da Paz, por exemplo, está há 27 anos resgatando vidas. São milhares de famílias restauradas, a minha família foi restaurada. Esse apoio que o estado oferece é fundamental.

pensarpiauí- Como você se sente hoje depois de tudo o que viveu?

Marcus- Hoje estou há 11 anos em tratamento, vivendo um dia por vez, em recuperação. Durante todo esse tempo vivendo e aprendendo! Principalmente aprendendo muito, o quanto a minha família é importante, o quanto Deus é importante. Eu tive que passar por tudo isso, pois não acreditava na existência de Deus e hoje eu percebo o quanto ele teve paciência e foi bom comigo. Na Fazenda da Paz eu entrei em uma igreja pela primeira vez e hoje eu sei o quão importante é ter fé, acreditar que é possível. Então hoje eu tenho um lar saudável, uma família maravilhosa.

pensarpiauí- O que você acha que pode ajudar os adolescentes e adultos a não entrarem no mundo das drogas?

Marcus- A juventude é altamente influenciável e, mais do que nunca, eu fui influenciado. A prevenção ao uso de drogas já deveria ter se tornado matéria escolar em todas as escolas, deveríamos falar mais sobre isso, nas igrejas, nos hospitais, filmes, novelas etc. Pessoas públicas, formadoras de opinião deveriam falar mais sobre isso, abraçar mais essa causa. É inadmissível que hoje em dia um adolescente não saiba o quanto é perigoso usar drogas.

pensarpiauí- Qual o conselho que você daria para os jovens de hoje?

Marcus- Eu diria que você não faz ideia do que a droga é capaz de fazer com você e com aqueles que você ama. Portanto, é uma disputa injusta onde a droga sempre vence. Você vai apanhar muito, vai sofrer muito, vai perder tudo aquilo que tem de mais precioso na sua vida e pode acabar morrendo. Você não faz ideia do que um simples “não” pode mudar sua vida e daqueles que você ama. Diga não às drogas!

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