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Progressistas: visão embaçada do eleitor favorece crescimento, diz portal Exame

Progressistas: visão embaçada do eleitor favorece crescimento, diz portal Exame

Em uma extensa matéria publicada no dia 24 de abril, o portal Exame faz uma verdadeira análise da ascensão do Partido Progressista no Brasil. Na matéria intitulada , o repórter Raphael Martins registra:
"O PP enfrenta situação diferente de PT e PSDB. A legenda de Lula amarga desgaste constante desde o início da operação, culminando na perda de 60% de suas prefeituras na eleição de 2016 e o PSDB começa a sentir os efeitos do envolvimento de Aécio nos esquemas, equilibrando-se para se manter como referência na centro-direita em outubro — no caminho há também acusações de recebimento de propina por outros caciques do partido, como o senador José Serra (SP), e a prisão do antigo operador Paulo Preto, ex-diretor da Dersa e centro do que pode ser uma delação explosiva para o tucanato.
O partido de Ciro Nogueira, por outro lado, vem crescendo. Na janela partidária entre os meses de março e abril, período de 30 dias em que congressistas puderam trocar de legenda sem risco de perda de mandato, o PP ganhou sete deputados federais.
Os progressistas são agora a segunda maior bancada da Câmara dos Deputados, com 53 parlamentares. O partido fica atrás apenas do PT, que terminou a janela com 60 nomes.
Mesmo com a liderança entre as bancadas, são nove petistas a menos que na eleição, em 2014. O MDB elegeu 65 deputados e hoje tem 50. Mesmo o PSDB, que começou a sofrer tardiamente os efeitos da Operação Lava-Jato e surfou na onda antipetista durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), registra redução na janela partidária: foram 54 eleitos e tem agora 48 deputados.
“Além de não ter uma figura central no Executivo, o PP é um partido que se beneficia da perda de protagonismo de PSDB e MDB na centro-direita”, diz o analista político Silvio Cascione, da consultoria Eurasia."
Partido mais investigado
"Dentre os três partidos que figuram na Lava-Jato desde o início dos escândalos, o PP é o único que cresceu. Nas eleições municipais, o partido ganhou 20 prefeituras, passando de 476 para 496 cidades. O partido de Nogueira elegeu 38 deputados em 2014, registrando nada menos que 39% de crescimento enquanto a operação engole os demais. Destes, nada menos que 21 deputados são investigados em casos de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. (...) O PP é o partido com maior número de investigados na Lava-Jato. Em virtude disso, em março de 2017 foi ajuizada a primeira ação da força-tarefa da operação em Curitiba contra um partido político. Foram pedidos 2,3 bilhões de reais em reparações, além de ações por improbidade administrativa contra os ex-deputados Pedro Corrêa (PE), Pedro Henry (MT), João Pizzolatti (SC) e Mário Negromonte (BA), os atuais Nelson Meurer (PR), Mário Negromonte Júnior (BA), Arthur Lira (AL), Otávio Germano (RS), Luiz Fernando Faria (MG) e Roberto Britto (BA), além do ex-assessor de José Janene, João Carlos Genu. (...) O poder de influência do PP é mantido por pautas conservadoras e fisiologismo político. Há também uma pitada de puxadores de voto. Além de Jair Bolsonaro, que foi da legenda por anos, o plantel tem como maior ícone o deputado federal (hoje, afastado por condenação por corrupção) Paulo Maluf (SP). O ex-prefeito e governador de São Paulo foi eleito em 2014 com 250.281 votos, oitavo lugar no ranking nacional de mais votados. Com puxadores de voto e bancada robusta, o partido fez parte de todas as bases aliadas de governos vigentes, seja de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer."
Visão embaçada do eleitor favorece crecimento
"É justamente por agir nas sombras, longe de uma figura central do poder Executivo que o PP sofre menos impacto na percepção do eleitor, mesmo estando intimamente ligado ao petrolão e ao mensalão. No pragmatismo da política, a visão embaçada do eleitor sobre a moral do partido e a falta de ambição de lançar um candidato à Presidência soa como música aos ouvidos dos mais pragmáticos. Com o fim do financiamento privado de campanha, um partido mais focado em eleger congressistas e com bancada forte na Câmara é atraente aos que buscam recursos eleitorais.
O PP deve contar com 142 milhões de reais de fundo partidário e bons minutos de propaganda eleitoral no rádio e TV — a quantidade exata será divulgada nos próximos meses pelo Tribunal Superior Eleitoral.
É tudo o que políticos de carreira buscam para tentar uma vaga em Brasília nas eleições de outubro. A Lava-Jato, para eles, pouco importa. A dúvida é se os eleitores vão encarar da mesma forma."

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