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Preço dos combustíveis causa cobranças dentro do governo

Em reunião dura no Planalto, Jean Paul Prates foi cobrado a ajustar o rumo da Petrobras

Foto: Montagem pensarpiauiLula chama ministros e presidente da Petrobras para discutir preços de combustíveis
Lula chama ministros e presidente da Petrobras para discutir preços de combustíveis

 

247 - No mesmo dia em que uma pesquisa apontou pequena queda na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, foi chamado para uma reunião de emergência em Brasília. No encontro, além do presidente, estiveram presentes os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, Rui Costa, da Casa Civil, e Alexandre Silveira, de Minas e Energia. Foi praticamente consensual a avaliação de que Prates pode entregar melhores resultados para o governo Lula e de que a valorização dos papéis da companhia na B3 não deve ser o único parâmetro de avaliação.

As principais queixas podem ser divididas em quatro tópicos:

1 - Preço dos combustíveis – A avaliação do governo é de que há espaço para redução dos preços da gasolina e do diesel, especialmente porque houve queda no preço do barril do petróleo e também na cotação do dólar. E os preços dos combustíveis têm impacto direto na inflação – o que contribuiria para uma queda maior dos juros.

2 - Distribuição de dividendos – Há também uma percepção de que a Petrobrás ainda está com uma política excessivamente generosa de dividendos em relação a seus acionistas minoritários. Não tão escandalosa como nos governos Temer e Bolsonaro, mas ainda assim acima do que seria necessário para remunerar os investidores da empresa.

3 - Plano de investimentos – Na avaliação do governo, o plano de investimentos da empresa para os próximos anos pode ser melhorado, com maior foco na área de petróleo e gás, e um destaque menor para energia eólica, uma área em que Prates tem grande expertise.

4 - Conteúdo nacional – Para o presidente Lula, é também uma questão de honra a retomada de grandes investimentos na indústria naval brasileira, que é grande empregadora. Tais investimentos dependem essencialmente de uma política de compras da Petrobras mais comprometida com o conteúdo nacional.

As cobranças não foram propriamente um cartão amarelo e são falsas as informações publicadas pelo jornal O Globo, dando conta de que o ministro Rui Costa já teria escolhido um substituto para Prates. Mas o recado foi claro: o governo espera de Prates uma Petrobras mais comprometida com o plano de governo apresentado por Lula na campanha presidencial.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, também expressou sua posição  em relação à necessidade de "nacionalizar" os preços dos combustíveis no Brasil. Em entrevista à revista "Veja", reportada pelo Valor, Pimenta defendeu veementemente que a Petrobras deve encontrar uma "fórmula" para uma redução mais substancial nos preços do óleo diesel, gasolina e gás de cozinha.

O desentendimento sobre a política de preços adotada pela Petrobras se intensificou recentemente, gerando um confronto entre dois pesos-pesados do governo: o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. As divergências entre os dois escalaram com declarações entre sexta-feira (17) e sábado (18), servindo como pano de fundo para o confronto. 

Paulo Pimenta, alinhado às críticas contra Prates, enfatizou a importância de equilibrar os interesses do mercado e do país para viabilizar uma redução nos custos diários. Ele assegurou que o governo está atento à reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) nesta semana, mas destacou a ausência de qualquer "medida extrema".

O impasse entre o Ministro de Minas e Energia e o presidente da Petrobras se agravou, com Silveira pedindo uma revisão dos preços pela Petrobras. Em resposta, Prates sublinhou a necessidade de seguir procedimentos específicos para estabelecer uma queda nos preços dos derivados nas refinarias. Diante dessa tensão, o presidente Lula convocou a reunião para discutir e buscar soluções para a crescente controvérsia sobre os preços dos combustíveis. 

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