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PIB pode fazer Bolsonaro ser candidato muito forte à reeleição

O crescimento de 1,2% do PIB no primeiro trimestre pode remeter a um crescimento anual de aproximadamente 5% neste ano

Foto: Brasil 247Renato Rovai
Renato Rovai

Por Renato Rovai, jornalista, na Revista Fórum 

O crescimento de 1,2% do PIB no primeiro trimestre pode remeter a um crescimento anual de aproximadamente 5% neste ano. Muitos economistas já trabalham com esse dado. Um deles é o insuspeito Paulo Nogueira Batista Jr., que em entrevista ao Fórum Onze e Meia fez esta previsão e ainda foi mais longe. Ele concorda com o blogueiro que esse desempenho pode vir a se repetir em 2022 e que neste cenário o presidente Jair Bolsonaro teria discurso e condições de competitividade para a sua reeleição.

Parece água no chope falar disso depois de em cinco dias o país ter visto a maior manifestação de rua contra o genocida (sábado) e o maior panelaço contra ele (ontem, quarta). Mas em política é importante olhar para o hoje buscando enxergar o que pode acontecer no amanhã.

Bolsonaro vive o seu pior momento no governo. A entrada na disputa eleitoral do ex-presidente Lula e a criação da CPI da Covid-19 lhe levaram às cordas. Lula mostrou rapidamente que é um adversário muito difícil de ser derrotado. E a CPI tem mostrado diariamente que Bolsonaro é o culpado por boa parte das quase 500 mil mortes que tivemos.

Mas até o fim deste ano o país deve ter 70% da sua população vacinada. A previsão é do ex-ministro da Saúde Arthur Chioro. Em isso acontecendo, Bolsonaro entrará 2022 provavelmente com mais de 800 mil mortes nas costas, mas com uma narrativa de que a economia está crescendo e as pessoas estão quase todas vacinadas. Ele vai cantar vitória.

Se a oposição não se preparar para isso, o inominável pode acabar convencendo muita gente. Por isso é preciso desde já começar a discutir o significado deste crescimento econômico que se dá quase que por inércia. Fruto de uma recuperação que teria de acontecer após os piores momentos da Covid e do bom momento internacional. Mesmo tendo crescido 1,2% do PIB, o Brasil perdeu 7 posições no ranking mundial de crescimento, o desemprego não diminuiu e há milhares de famílias passando fome.

É preciso discutir isso com profundidade inclusive na classe média que pode ser enredada pelo discurso de que Paulo Guedes está tocando bem a economia e que o caminho é privatizar tudo.

A eleição de 2022 tem tudo para ser o momento da redenção do país para a democracia, mas para que isso aconteça é bom olhar as armas que o adversário pode vir a ter. E a recuperação econômica na base de 5% ao ano por dois anos seguidos não é algo desprezível. É bom ficar atento.

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