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O tempo está próximo

Há esperanças de superação do projeto neoliberal atual

Foto: Google ImagensUm Brasil para os brasileiros ou a entrega do país
Um Brasil para os brasileiros ou a entrega do país

O discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abrindo o 7° Congresso Nacional do PT, serviu para delimitar uma posição. Ao fazê-lo, Lula reforça a oposição ao governo Bolsonaro. Mais do que isso, realimenta a esperança no futuro enquanto etapa de superação do presente projeto neoliberal. E neofascista. O bolsonarismo aposta na certeza da permanência no poder, pelo voto direto, numa eventual reeleição, em 2022. Ou através do chamado auto-golpe, ato de ruptura institucional, se perceber que seu projeto está ruindo.

Mas, pelas vias democráticas, o presidente Jair Bolsonaro terá que contar com a manutenção de sua alta popularidade. Se é que ainda a tem. Ao menos, conseguir concluir o atual mandato, sem sofrer um impeachment. Além de evitar quaisquer tipos de escândalos, envolvendo o clã, o governo vai precisar se manter popular. Pelos efeitos do receituário neoliberal, de privatizações em larga escala e cortes drásticos de investimentos. A política econômica, de supressão de direitos sociais e redução do estado, teria que dar certo.

É questionável se os recordes da Bolsa de Valores de São Paulo serão suficientes para manter inflada a aprovação do governo. Se é que assim se mantém. A adesão da chamada grande mídia ao governo também tem efeito duvidoso. O economista Eduardo Moreira alerta para o efeito-base. Em economês, significa apelo psicológico positivo em relação a um relativo crescimento do PIB. O crescimento real seria desprezível, porém, com a população iludida pelo noticiário em torno da elevação de 1% da economia.

Aposta no efeito-base

No ano seguinte, o Produto Interno Bruto poderia ser quantificado por algo mais expressivo. Ainda assim, tímido ou irreal, já que continuaria bem abaixo da dimensão econômica alcançada em 2012. Mas as pessoas seriam levadas a crer que a política econômica neoliberal estaria dando frutos. É o que conta para o governo. Com o valor da mão-de-obra depreciado, a iniciativa privada tenderia a investir em algo produtivo, teoricamente. No entanto, a emergência de uma oposição, reforçada pela presença de Lula, muda tudo.

Em seu discurso, o ex-presidente fala em reestatizar empresas estratégicas privatizadas, na hipótese de o PT voltar ao poder. Essa promessa, entre outras declarações, reaviva a chama da esperança, para milhões. Assim como a retomada das políticas públicas voltadas para priorizar saúde e educação. Lula cita as reservas internacionais avaliadas em aproximadamente US$ 370 bilhões. Esse legado dos petistas explicaria o fato de o atual governo ainda não ter quebrado. Então, o projeto neoliberal de poder deve estar com os dias contados.

A pretensão na verdade é do mercado, de maximizar ainda mais lucros, em detrimento da atividade produtiva e da população. Bolsonaro não é um neoliberal, é apenas alguém que rápido se apegou ao poder, e fará o que for preciso para atender quem o apoia. Por mais que o efeito-base ocorra, a política econômica neoliberal não tem como acertar. Pois, gera empregos precarizados e não suficientes, aprofunda as desigualdades e não estimula a produção. O tempo se encarregará de esclarecer e pode ser acelerado pelo fator Lula.

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