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O engenheiro que virou coveiro, no país que, um dia, o engenheiro virou suco

A engenharia é uma profissão onde as crises econômicas acontecem com mais intensidade

Foto: Anahi Martinho/UOLOs coveiros Gabriel Dalmaso e Bruno de Lima, no Cemitério da Saudade
Os coveiros Gabriel Dalmaso e Bruno de Lima, no Cemitério da Saudade

Odil Garcez Filho, engenheiro, ficou desempregado nos anos 80, e montou uma conhecida lanchonete na av. Paulista, chamada O Engenheiro que Virou Suco. Este é um dos marcos da crise econômica vivida pelo Brasil nos anos 80. 

Anos mais tarde, nos governo Lula e Dilma a história mudou muito. Em 2013, durante o primeiro mandato da ex-presidenta, faltavam, nas prefeituras, engenheiros para trabalhar na elaboração de projetos, o que impedia o repasse de recursos da União. A petista considerava criar um programa de “importação” desses profissionais, como o Mais Médicos, segundo informou a revista Exame na época.

Depois do golpe de 2016, de Michel Temer e de Jair Bolsonaro, a crise se intensificou novamente. No Brasil de 2021, engenheiros mecatrônicos se tornam coveiros.

Formado em engenharia mecatrônica, Bruno de Lima, de 26 anos, trabalha há um ano como coveiro no Cemitério da Saudade, na zona leste de São Paulo. Com as contas atrasadas e sem visualizar oportunidades em sua área, ele resolveu aproveitar uma das vagas para sepultador abertas em caráter emergencial pela prefeitura durante a pandemia do coronavírus.

“Ninguém sonha em ser coveiro, né? Me formei em engenharia mecatrônica, já tinha feito o técnico, já tinha experiência na área. Mas o único emprego que está tendo agora é em hospital e cemitério”, conta Bruno, em entrevista ao UOL.

“Um colega meu falou: ‘Quer trabalhar de coveiro?’. Falei: ‘Você está brincando?’. Ele falou: ‘Estou falando sério, você quer?’. Aí eu estava desempregado, as contas atrasando, falei: ‘Vou ver o que acontece'”, completa.

Com informações do UOL e Fórum

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