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“Novo consignado é estelionato eleitoral e compra de votos”, diz Míriam Leitão

A jornalista também destaca que a Caixa está sendo mais uma vez usada como instrumento político

Foto: Destaque NotíciasCaixa Econômica Federal
Caixa Econômica Federal

 

Nesta quinta-feira (20), a colunista Míriam Leitão, do Globo, publicou um artigo de opinião no qual destaca que o novo consignado feito pela Caixa para o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) é estelionato eleitoral e compra de votos. Ela também destaca que a Caixa está sendo mais uma vez usada como instrumento político.

Leia abaixo:

O governo está empurrando os vulneráveis para o superendividamento, mesmo diante do risco de queda da renda em janeiro. (…) As medidas têm vindo em série para dar ao eleitor a falsa sensação de conforto econômico. A Caixa está sendo usada como instrumento político. Mais uma vez.

Eu ouvi de duas autoridades que isso é abuso de poder político. E econômico. A Caixa lidera uma enxurrada de empréstimos para quem recebe R$ 600 de Auxílio Brasil e para quem recebe o Benefício de Prestação Continuada (BPC). O BPC é para idosos ou deficientes extremamente pobres. O Auxílio, também. Eles estão pegando empréstimos de R$ 2.600 por 24 meses às vésperas das eleições.

A presidente da Caixa, Daniella Marques, garantiu, a uma autoridade preocupada com a operação, que não há risco porque os juros são de 3,5%. Havia uma pressão do Ministério da Cidadania para que fossem 2,1%. Ela realmente acha que se elevar os juros para pessoas paupérrimas os riscos serão menores? (…)

Vamos ser claros, há vários nomes para o que está acontecendo. Estelionato eleitoral, porque dá a falsa sensação de conforto econômico aos eleitores, e depois eles amargarão por dois anos. Irresponsabilidade fiscal, porque se tudo der errado, quem paga a conta é o Tesouro. É descarada tentativa de compra de votos. É abuso de poder político e econômico.

O governo decidiu também usar o futuro do FGTS para elevar o valor de contratação de empréstimos imobiliários de quem ganha até R$ 2.400. O problema é que há muita rotatividade no mercado de trabalho e essa renda futura pode se frustrar. O trabalhador ficará desempregado e mais endividado.

A operação conduzida pela Caixa é abusiva. Foi isso que motivou a petição feita pela subprocurador-geral junto ao TCU Lucas Furtado, para que a medida seja suspensa imediatamente. A ação está com o ministro Aroldo Cedraz. (…)

O governo está aproveitando a lentidão da Justiça e do TCU para despejar dinheiro sobre eleitores pobres e virar voto.

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