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Mulheres na eleição: PSL usa laranjas, PT exalta suas candidatas e seus feitos

O PSL lançou mulheres candidatas mas nega a elas o dinheiro do fundo eleitoral previsto em lei

Foto: VejaCandidatas do PSL
Candidatas do PSL

 

Do DCM

A medida tem um propósito nobre e correto, o de levar maior diversidade às urnas, mas, na prática, a instituição de cotas obrigatórias de mulheres (desde a eleição de 2018) e de negros (a partir da deste ano) entre os candidatos de cada partido vem tendo resultados pífios. Faltando poucos dias para a votação municipal, um levantamento com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral mostrou que, das 33 siglas no páreo, só duas, as nanicas PCB e PSTU, cumprem à risca os requisitos de divisão de verbas nas chapas para as câmaras de vereadores. Mas há partidos que aproveitam a brecha ao registrar candidaturas só para fazer número, na figura dos deploráveis laranjas. Essa irregularidade, que já pipocou dois anos atrás em uma penca de agremiações, volta a marcar presença no PSL do Rio de Janeiro, de acordo com a denúncia de uma ala de candidatas que se referem a si próprias como representantes do laranjal.

A reportagem ouviu onze candidatas à Câmara carioca que, acolhidas com a promessa de receber recursos para pôr a campanha na rua e sem nunca ter visto um centavo sequer, decidiram falar: “Estamos sendo usadas. Somos laranjas”, dispara Ana Maria Pereira, 51 anos. A lei prevê que a distribuição do dinheiro do Fundo Eleitoral, que constitui a principal irrigação financeira das campanhas, seja proporcional à participação de cada grupo na chapa registrada pelo partido. No caso das mulheres, a cota mínima é de 30%. Sigla que saiu do nada para eleger Jair Bolsonaro (ele se desfiliou no ano passado), o PSL terminou a eleição de 2018 alçado à condição de segundo maior partido na Câmara dos Deputados, atrás apenas do PT, e conquistou o direito de administrar nada desprezíveis 199 milhões de reais do Fundo Eleitoral. Evidentemente, tornou-se um ímã para aspirantes a prefeituras e câmaras de vereadores em 2020. No Rio de Janeiro, lançou 78 postulantes a vereador, sendo 26 mulheres — até aí, dentro dos conformes.

Ocorre que, do 1 160 207 reais da verba dedicada ao Rio, exatamente 1 015 987 reais foi derramado sobre as candidaturas masculinas, restando 144 220 reais — meros 12,4% do total — para elas. E mais: das 26 candidatas, 21 não receberam um tostão. Vale lembrar que esse não é o primeiro enlace do PSL com candidaturas de fachada. No início do ano passado, Adriana Borges, derrotada no pleito para deputada federal pelo PSL de Minas Gerais, denunciou ter sido penalizada pelo partido por não aceitar se envolver em uma espécie de “rachadinha” do fundo partidário, em um esquema que envolveu assessores do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e respingou até no presidente do PSL na época, Gustavo Bebianno, que morreu em março, e seu sucessor, Luciano Bivar, que seria indiciado pela Polícia Federal por crimes eleitorais.

Nestas eleições municipais que se avizinham, as candidatas do Rio alegam que não lhes foi dado o básico para que concorressem para valer. Até santinhos e bandeiras, entregues aos demais em setembro, só chegaram a elas em meados de outubro. Eleitora de Bolsonaro, a técnica em TI Sabrina Martins, 40 anos, diz que escolheu o PSL para estrear na política porque acreditava em seu perfil “de direita e cristão”. “Não achei que seria vítima dessa patifaria”, afirma. Assim como ela, diversas candidatas se endividaram contando com recursos que nunca vieram. “Contratei motorista, coordenadora de campanha, assessor para as redes sociais e cabos eleitorais. Estou devendo 13 500 reais. Como vou fazer para pagar esse pessoal?”, pergunta a servidora pública Sandra Hernandes, 61 anos. A ausência de repasses contraria o que está disposto na ata da reunião em que o partido definiu a partilha do Fundo Eleitoral, onde são garantidos aportes do diretório nacional às candidatas. “Me disseram, em várias reuniões e ligações, que eu receberia 60 000 reais. Imaginei que conseguiria fazer uma campanha decente, mas fiquei a ver navios”, relata a servidora pública Luciana Tamburini, 40 anos, que concorre pela segunda vez. Luciana foi uma das que denunciaram o descaso ao Ministério Público estadual. Também a advogada Glória Jean, 56 anos, procurou o MP para delatar a situação. “Depois que decidi concorrer, chegaram a me dizer um absurdo, que mulheres não têm verba porque não sabem gastar”, reclama.

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Já o Partido dos Trabalhadores divulga, através de redes sociais, vídeo em que as protagonistas são as mulheres do Partido que são candidatas mais a presidenta Gliesi Hoffmann. Além de valorizar as mulheres com candidaturas em importantes cidades brasileiras, no vídeo, o PT exalta seus feitos que valorizam as mulheres brasileiras. 

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