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Mulher que foi presa por racismo volta a atacar vizinhos: ‘Negra porca’

Mesmo após ataques racistas que resultaram em registro de boletim de ocorrência, nutricionista fez novas ofensas contra vizinha em Santos, SP

Foto: G1Nutricionista ameaça vizinhos e faz ataques racistas
Nutricionista ameaça vizinhos e faz ataques racistas

A mulher que é investigada pela polícia por escrever ofensas racistas contra vizinhos em Santos, no litoral de São Paulo, fez uma nova colagem em sua porta contra uma moradora. O novo bilhete, fixado outra vez na entrada do apartamento da nutricionista de 56 anos, foi obtido pelo G1 nesta segunda-feira (10). A mulher já chegou a ser presa por ameaçar vizinhas e praticar injúrias raciais, mas foi solta. 

A nova colagem da mulher se refere a uma de suas vizinhas, também já ofendida em outras ocasiões, como "preta retinta", "porca" e "maloqueira", além de outros xingamentos de baixo calão.

Nos papéis que ela havia colado na porta de seu apartamento anteriormente, ela se referia aos negros como pessoas de "espírito imundo" e "escória da sociedade". Na ocasião, foi registrado boletim de ocorrência contra a nutricionista por ameaça, injúria e difamação no 7º DP de Santos.

Foto: G1Penúltimo papel colado por nutricionista se refere a negros como pessoas de 'espíritos imundos'
Penúltimo papel colado pela mulher se refere a negros como pessoas de "espíritos imundos"

Em 5 de maio, a mulher chegou a ser presa por ofensas a vizinhas com palavras de cunho racista e por tentar agredi-las, mas foi solta na audiência de custódia.

Neste domingo, quem informou ao G1 sobre as novas ofensas racistas foi o zelador Arilton Souza de Carvalho, que já foi alvo dos ataques da mulher. O zelador contou que este último ataque ainda não foi registrado na delegacia, mas a reportagem apurou que a vizinha à qual a nutricionista se refere no novo bilhete está procurando apoio jurídico.

Foto: G1Arilton, o zelador, relata que também já foi alvo de ataques racistas de nutricionista. Mensagem acima foi escrita por ela em abril deste ano
Arilton, o zelador, relata que também já foi alvo de ataques racistas da nutricionista. Mensagem acima foi escrita por ela em abril deste ano

Crime

O delegado responsável pelo caso, Jorge Álvaro Gonçalves Cruz, afirmou que todos os crimes registrados pela Polícia Civil serão incluídos no relatório final do Inquérito Policial (IP) já em curso, para análise do juiz e do Ministério Público (MP). 

De acordo com o artigo 140, parágrafo 3º do Código Penal, injúria racial se refere a ofensa à dignidade ou decoro utilizando palavra depreciativa referente a raça e cor com a intenção de ofender a honra da vítima. 

Já o crime de racismo, previsto na Lei n. 7.716/1989, é aplicado quando a ofensa discriminatória é contra um grupo ou coletividade. Por exemplo, impedir que negros tenham acesso a estabelecimento comercial, privado, etc.

Entenda o caso

Na madrugada da última quarta-feira (5), moradoras do condomínio chamaram a polícia e registraram também boletim de ocorrência por injúria racial, dano e ameaça contra a suspeita, no 7º DP de Santos. Na ocasião, ela foi presa em flagrante, mas, foi solta na audiência de custódia. 

Na data, uma das vizinhas dela relatou que a nutricionista havia colado em sua porta e na de outro vizinho papéis com dizeres como "negra vaga*****", "porca", e ainda que "negro quando não faz na entrada faz na saída". As ofensas, além de coladas nas portas das vítimas, conforme relataram à polícia, também estavam espalhados na área comum do condomínio.

Segundo relataram as moradoras no registro da ocorrência, ela teria ainda ameaçado matar duas vizinhas com uma barra de ferro. Segundo as vítimas, a mulher costuma atirar garrafas nos corredores e já as ameaçou de morte. 

Em entrevista ao G1, o zelador afirmou que sofre ataques com frequência por parte da nutricionista no condomínio, localizado no bairro José Menino. Ele registrou boletim de ocorrência contra ela no fim de 2020, devido a uma agressão que sofreu por parte da investigada, e por ouvir em outras ocasiões xingamentos como "negro", "marginal" e "preto encardido".

Foto: G1Segundo relata zelador, vidro de portaria foi quebrado por nutricionista em março deste ano
Segundo relata zelador, vidro de portaria foi quebrado pela utricionista em março deste ano

Ele também relatou que em março deste ano, quando tirava o lixo do condomínio, foi ofendido mais uma vez com palavras de cunho racista.

"Nesse dia, após me ofender, ela subiu até o apartamento dela e pegou uma garrafa e voltou para ver onde eu estava. Como a moça da portaria disse que não sabia onde eu estava, ela [nutricionista] a xingou e jogou a garrafa no vidro de onde fica a portaria. Foi registrado outro boletim contra ela na ocasião, por injúria e lesão corporal", disse.

Foto: G1Zelador é um dos principais alvos de ataques racistas da moradora de condomínio
Zelador é um dos principais alvos de ataques racistas da moradora de condomínio

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