Política

Lula não vai reagir ao discurso de Lira pressionando o governo, dizem aliados

A estratégia de Lula é permitir que a temperatura política baixe antes de buscar um diálogo com o parlamentar.


Foto: ReproduçãoArthur Lira e Lula
Arthur Lira e Lula

Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmam que o petista não planeja reações imediatas ou movimentos políticos em resposta ao discurso crítico de Arthur Lira (PP-AL) na abertura do ano Legislativo nesta segunda-feira (5). A estratégia de Lula é permitir que a temperatura política baixe antes de buscar um diálogo com o parlamentar, segundo informações do Globo.

Na última segunda-feira, Lira afirmou que “errará” quem apostar na omissão do Congresso por causa do ano eleitoral, disse que parlamentares não são meros carimbadores de decisões do Executivo e cobrou “cumprimento de acordos” por parte do governo.

“Errará, insisto, errará grosseiramente qualquer um que aposte numa suposta inércia desta Câmara dos Deputados neste ano de 2024. Seja em razão das eleições municipais que se avizinham, seja, ainda, em razão de especulações sobre eleições para a próxima Mesa Diretora, a ocorrerem apenas no próximo ano”, afirmou o presidente da Câmara.

Lula não planeja se encontrar com Lira antes do carnaval. O presidente tem compromissos agendados no Rio de Janeiro e na quinta-feira (8) seguirá para Minas Gerais. Um ministro que trabalha no Palácio do Planalto afirma que o presidente da Câmara fez sua declaração para agradar seus colegas deputados e manter sua base de apoio unida.

A interpretação predominante no círculo próximo de Lula é que Lira está tentando consolidar sua base para fortalecer sua posição na escolha de seu sucessor na presidência da Câmara, que ocorrerá em fevereiro do próximo ano.

No entendimento do Planalto, o poder do presidente da Casa Legislativa diminui à medida que se aproxima o final de seu mandato. Um auxiliar de Lula comenta que agora é uma contagem regressiva até o término do mandato de Lira na presidência da Câmara.

De acordo com o Planalto, Lira também estaria incomodado com alguns ministérios que estariam lidando diretamente com a liberação de recursos para parlamentares, sem passar pelo presidente da Câmara. Diante dessa situação, o governo pretende adiar a análise dos vetos de Lula aos R$ 5,6 bilhões de emendas de comissão no Orçamento e ao estabelecimento de um cronograma para o pagamento de emendas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

A estratégia é negociar diretamente com os líderes das bancadas, sem a intervenção do presidente da Câmara, que encerrou o diálogo com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

A análise é que Lula não está considerando a possibilidade de substituir Padilha na articulação política. Qualquer movimento nesse sentido seria interpretado como uma cedência à pressão e uma forma de conceder poder ao presidente da Câmara, que não é visto pelo governo como um aliado.


Com informações do DCM

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