Justiça afirma que foi “necessário” PM pisar em pescoço de mulher negra
Na decisão, a Justiça disse que o pisão no pescoço da mulher não causou “qualquer lesão”
A Justiça Militar do Estado de São Paulo afirma, em sentença publicada na terça (30), que foi “necessário” que o PM João Paulo Servato pisasse no pescoço de uma mulher negra, de 53 anos, para imobilizá-la durante uma abordagem, em maio de 2020 em Parelheiros, periferia da zona sul da capital paulista.
Na decisão, a Justiça disse que o pisão no pescoço da mulher não causou “qualquer lesão”. Servato e o policial Ricardo de Morais Lopes, que também atuou na ocorrência, foram inocentados na semana passada.
Eles foram absolvidos por 3 votos a 2. Votaram a favor da condenação o juiz civil José Álvaro Machado Marques, da 4ª Auditoria Militar, e o capitão da Polícia Militar Marcelo Adriano Brandão. Os votos contrários vieram de três membros da corporação.
Os três oficiais que votaram pela absolvição dos PMs afirmaram que as imagens anexadas no processo “mostraram menos de 10% de tudo o que ocorreu” e que, por isso, não se pode “comprovar o que ali aconteceu e a verdadeira dinâmica do evento”.
Segundo os policiais envolvidos no caso, os civis que “resistiram à abordagem” estavam alcoolizados e sob efeito de drogas. Os civis negam que teriam usado drogas na ocasião.
De acordo com eles, a mulher, por ter ameaçado os agentes com um rodo, levou “o golpe que fez com que ela caísse ao chão”.
Considerando os acontecimentos, “a fratura na perna [da mulher] não foi algo pretendido pelo policial, a não ser para fazer cessar as agressões que experimentava”.
“No calor dos acontecimentos, não há como se exigir um golpe um pouco mais fraco ou forte de quem está envolvido em evento daquela natureza, mesmo se tratando de uma pessoa que deve arrostar o perigo e foi preparada para tanto”, diz a sentença da Justiça.
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