Política

Janja, a candidata a Evita de Lula

Janja terá maturidade para evitar o deslumbramento, sabedoria para entender os limites, equilíbrio emocional para enfrentar as críticas?


Foto: DivulgaçãoJanja, Lula e Marisa
Janja, Lula e Marisa

 Por Luis Nassif, jornalista 

GGN - Ponto 1 – Lula e o fator feminino

Lula é extremamente suscetível ao comando feminino, herança de sua formação, tendo uma mãe forte orientando-o. Nos encontros informais, dona Marisa cuidava dos mínimos detalhes de sua postura, e ele acatava. Por exemplo, se alguém fosse tirar uma foto, tratava de impedir que Lula aparecesse em frente a um copo de bebida, para evitar exploração.

Os problemas que enfrentou depois que saiu do governo, a perseguição implacável, tiveram por alvo o sítio de Atibaia e o triplex do Guarujá – cuja compra não se consumou. O pedido para as empreiteiras reformarem o sítio do amigo partiu de dona Marisa, para fazer surpresa ao marido. E Lula acatou por um certo sentimento de culpa. Nos 8 anos que ficou no governo, coube a dona Marisa cuidar da família, dos filhos e netos.

Ponto 2 – Janja e as primeiras damas

Dona Marisa era discreta. Sua proatividade limitava-se às relações familiares.

Janja é outro padrão. De formação acadêmica e visão social como dona Ruth; protetora como Dona Marisa; e contemporânea e com uma fome de protagonismo dela própria, Janja.

Nos primeiros dias, mostrou a que veio. Tomou conta dos protocolos da posse e fez uma confusão dos diabos. Tratou de escolher um a um os artistas para o show da posse e criou o primeiro problema político para Lula, impedindo a posse de um Ministro acusado de ter batido na mulher. Segundo reportagens, a pessoa, na verdade, defendeu-se da agressão da esposa, tendo sido absolvido pelo Supremo.

Criou um problema para Lula, com o padrinho Eduardo Paes, e deixou todo o mundo político com a pulga atrás da orelha, sobre seu empenho em se envolver nos temas de Estado, colocando o entusiasmo acima da experiência.

Para completar o quadro, está se apresentando como a representante das minorias, afrontando as pautas morais e sendo a anti-Michelle Bolsonaro. É uma moça do seu tempo, e isso é bom, mas tem riscos.

Ponto 3 – tiroteio à vista

Mas tem o outro lado.

Nos próximos meses, pesará contra ela uma questão concreta: aumentará a percepção do mundo político e da mídia de que Janja poderá ser a Evita de Lula em 2026, inclusive envergando o figurino de Evita, de “mãe dos pobres”, com histórico para tal.

Nenhum dos candidatos a candidato têm a contemporaneidade, sua ambição por protagonismo, seu potencial de carisma junto às massas, sua influência sobre Lula e sua legitimidade como representante do lulismo.

Não estou dizendo que ela pretende ser, nem que será. Digo apenas que, nas próximas semanas, irá se consolidar essa percepção no mundo político e na mídia, com desdobramentos previsíveis: Janja vai se tornar alvo.

Até agora, falava-se apenas do potencial da figura pública, sem muitas informações sobre a pessoa física. Terá maturidade para evitar o deslumbramento, sabedoria para entender os limites de sua atuação, equilíbrio emocional para enfrentar as críticas, cuidados com deslumbramento, acuidade para entender as nuances da política? Para o potencial transformar-se em realidade há um longo caminho.

Junte-se a todos os pontos anteriores um machismo entranhado na sociedade brasileira e a crença da mídia e do mundo político de que o lulismo terminaria em 2026, com a decisão de Lula de não se candidatar à reeleição, e se terá pequena noção dos problemas que Janja terá pela frente e trará para Lula, não apenas no campo político, mas também no familiar.

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