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HGV: UM PATRIMÔNIO DO PIAUIENSE

HGV: UM PATRIMÔNIO DO PIAUIENSE

Foto: DivulgaçãoHGV
HGV

O Hospital Getúlio Vargas (HGV) é uma casa para onde as pessoas vão com o coração apertado, sofrendo muito, na esperança de que aquele infortúnio que o levou até ali seja sanado, que tudo volte ao normal, que a saúde se reestabeleça e que a vida volte à sua rotina anterior.

Em alguns casos, isto não pode se tornar realidade, mas em várias outras situações o milagre acontece. O Hospital Getúlio Vargas, é o lugar do milagre. É a casa que promove a alegria no coração de muitos teresinenses, piauienses e brasileiros que se socorrem dos serviços do Hospital, do conhecimento e técnica do seu corpo de funcionários.

O Hospital Getúlio Vargas completou este ano 74 anos de muita história. Histórias que falam da falta de investimentos do poder público na maior casa de saúde de Teresina, mas também de superação. Daqueles que fazem o hospital e histórias de um serviço de alta qualidade colocada à disposição da população em geral.

Histórias como a de Ivan Brasil, 57 anos, residente no município de União-Piauí. Com insuficiência cardíaca de 4º grau, ele passou boa parte dos anos de 2012 e 2013 em internações hospitalares. “Eu estive quase morto. Passava o tempo quase todo internado, com a saúde muito ruim mesmo”, afirmou ele.

Em 2014 conseguiu uma vaga no HGV e passou a ser atendido pela equipe do Hospital. Brasil passou a usar uma moderna medicação, chamada Izabradina. A consequência foi uma resposta altamente satisfatória ao tratamento. Desde então, Ivan se sente muito bem, e agora em agosto deste ano vai fazer um ano que não tem mais crises.

O HGV é um patrimônio do piauiense! Qualquer pessoa está sujeita aos infortúnios da vida. Então é necessário zelar e valorizar este que é o maior hospital público do Piauí. E não deixar de cobrar das autoridades competentes, todos os recursos necessários para fazer do HGV realmente um hospital de referência.

O Hospital Getúlio Vargas procura equipar-se tecnologicamente bem, procura valorizar sua equipe de profissionais e vem apostando firmemente na adesão da “Política Nacional de Humanização” (PNH). O primeiro passo para isso foi dado em 2010 com a formação do Grupo de Trabalho em Humanização. Um dos resultados práticos é que hoje em dia todo paciente tem direito a um acompanhante com o hospital garantindo também a alimentação do mesmo. A direção do HGV tem procurado equipar o hospital com cadeiras mais confortáveis para quem acompanha os pacientes.

Ainda no campo da Humanização foi adotado pelo HGV o modelo de Gestão Participativa. A Direção Geral é a responsável pela tomada de decisão, mas antes os assuntos são discutidos por um colegiado de todos os setores do Hospital. Isto dá empoderamento a todos os profissionais e faz com que as atividades do HGV tenham mais qualidade. É o caso da “Política de Cirurgia Segura”. Ela foi elaborada por um grupo de profissionais envolvidos numa cirurgia (médico, enfermeiro, técnico enfermagem, técnico de radiologia). Outro grupo revisou o trabalho, e então a direção geral tornou aquilo uma politica do HGV, com todo mundo tendo que seguir. Para clarear o que é a “Política de Cirurgia Segura”: todas as vezes que um usuário precisar fazer uma cirurgia que envolva lateralidade, tem que ser demarcado o lado antes dele entrar no centro cirúrgico. É cirurgia de braço, como o ser humano tem dois braços, tem que ir para o centro de cirurgia com a informação (identificação) precisa de qual braço vai sofrer a intervenção.

Ainda no campo da qualidade do atendimento a Diretora Geral, Clara Francisca dos Santos Leal, lembra de mais uma política definida pelos servidores do HGV, a “Política de Medicação de Alta Vigilância”.

Há medicamentos que tem potencial maior para causar reações adversas. Tem muitos que são parecidos uns com os outros na embalagem, no nome e no aspecto. Se há medicamentos assim é preciso uma rotina de procedimentos que impeça a confusão entre os medicamentos. A diretora dá mais um exemplo: “Cloreto de Potássio. Se injetar na veia, é parada cardíaca imediata. Então é preciso ter atenção. Ninguém está livre do erro. Quando os medicamentos chegam na Farmácia Central do HGV eles são armazenados numa estante separada das demais e diferenciada pela cor vermelha.Quando eles são distribuídos para as diversas clínicas, não vão junto com os outros. Vão separadamente. Lá, nas clínicas e enfermarias, há um carrinho de medicação. Para esses medicamentos há uma gaveta especial, diferenciada pela cor vermelha, onde eles são guardados”.

Como se dá o acesso ao HGV

Até 2008, a porta de entrada do HGV era o Pronto Socorro (urgência). Com a inauguração do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), o HGV passa a ser, exclusivamente, hospital de referência para média e alta complexidade conforme determinam as regras do Sistema Único de Saúde (SUS).

Os pacientes procuram os serviços de urgência de todo o Estado, recebem lá o primeiro atendimento e quando precisam de um atendimento de média ou alta complexidade são encaminhados para o HGV. É o caso de Dona Josefa Maria Coelho, 74 anos, do município de Acauã –PI. Ela realizou uma cirurgia no punho no HGV agora em julho, já se sente recuperada e declara que foi muito bem atendida. Ela foi encaminhada pela regional de saúde do sul do estado.

É o caso, também, do Senhor Luis Fernando, 58 anos, com graves distúrbios motores. Ele vinha fazendo tratamento no CEIR e, necessitando de cirurgia, foi encaminhado ao HGV. No último dia 13 ele fez uma “Rizotomia Dorsal Seletiva”. Luiz Fernando apresentava um quadro de espasticidade (distúrbio de controle muscular que é caracterizado por músculos tensos ou rígidos e uma incapacidade de controlar os músculos) grave decorrente de um tumor na coluna torácica. Paraplégico e cadeirante, devido a fortes movimentos involuntários, apresentava dores tóraco-abdominais e intensas e bruscas contraturas das pernas.

Dr. Francisco Alencar, neurocirurgião do HGV, responsável pelo procedimento, reforça a importância do Hospital Getúlio Vargas como unidadede alta complexidade no Piauí: “procedimentos semelhantes são realizados nos Estados Unidos por um valor maior que R$ 150 mil reais e aqui é feito totalmente gratuito para o paciente através do SUS e esta cirurgia é feita aqui no Piauí e em alguns outros poucos lugares do Brasil”. Depois de operado e sem nenhum sinal de movimentos involuntários nas pernas, Luis Fernando se sente aliviado, e diz que apesar de continuar na cadeira de rodas, está totalmente livre de um problema que lhe incomodava muito.

O HGV tem, portanto, 2 portas de entrada: uma é esta dos hospitais do interior ou de Teresina que vem através da Central de Regulação de Leitos. A outra porta de entrada são os pacientes que são atendidos no ambulatório do HGV. A pessoa é atendida e se há necessidade de internação, o médico pede.

Recebendo pacientes de todo o Piauí, o HGV não consegue dar conta de tudo. Há especialidade médica que tem paciente aguardando há dois anos por uma cirurgia. E isso acontece porque não tem outro hospital de referência para a média e alta complexidade. Exemplos de procedimentos que, na rede pública do Piauí, só são realizados no HGV: cirurgia de coluna; cirurgia de aneurisma e tumor cerebral; prótese de quadril e joelho; cirurgia otorrina, cirurgia bascular. A demanda é muito grande. O Piauí precisa de outros hospitais de alta complexidade. Mas as exigências do Ministério da Saúde para habilitar são grandes. O HGV é o único hospital público habilitado. Os procedimentos tem custos elevadíssimos.

Uma prótese de quadril é R$ 9.000,00 e o SUS só remunera a prótese com R$1.500,00 Sem se falar da estada do paciente no hospital, dos exames, da equipe multi-profissional. Então, alta-complexidade é sempre muito caro.O HUT e o Hospital Universitário caminham para a habilitação em alta complexidade em algumas áreas. Quando isso ocorrer vai desafogar o HGV.

Quais os maiores problemas do HGV?

Segundo a Diretora Geral, Clara Leal, o maior problema do HGV, não é só dele, é de toda a saúde pública, é o subfinanciamento. Manter um hospital é caríssimo e o doente tem direito a tudo. Ele tem que ter seu problema resolvido. O financiamento da saúde é tripartite. O governo federal tem a tabela SUS, com os preços defasados demais.

Outro problema é a qualificação dos profissionais do SUS. O HGV tem em torno de 2.400 colaboradores, para um atendimento qualificado é preciso manter a multidisciplinaridade. Não há nenhuma profissão que isoladamente atenda o usuário no pleno de suas necessidades. O resultado do bom atendimento só se concretiza quando há um atendimento multiprofissional. Então, é preciso manter a qualificação de todos, não só de médicos e enfermeiras. Mas do nutricionista, assistente social, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, farmacêutico, bioquímico. Sem falar no corpo administrativo. Para chegar num padrão de excelência em termos de qualidade da assistência é preciso garantir anualmente um mínimo de 40 horas de curso de aperfeiçoamento. Num hospital com 2.400 funcionários este é um grande desafio.

Por exemplo: Este ano vão sair novas diretrizes sobre reanimação cardio-pulmonar, a cada cinco anos há mudanças e isso acontece internacionalmente, não é coisa do Brasil é a medicina como um todo que vai avançando. Para a equipe se manter qualificada é preciso garantir o aperfeiçoamento nesta área.

E um terceiro problema do HGV é a gestão! A gestão pública não pode ser amadora. Tem que ser profissionalizada. Faltam instrumentos de controle, faltam ferramentas de gestão.

O HGV conta com os serviços de Ambulatório, Internações e as clínicas:

Médica

Composta por médicos especialistas (cardiologista, gastroenterologista, reumatologista, hematologistas, endocrinologista e pneumologista) atendem pacientes com enfermidades como hipertensão, diabetes, problemas reumatológicos, trombose e outros. Possui 25 leitos e oito que atendem pacientes Vasculares.

Cirúrgica

Clínica Cirúrgica I

Possui 32 leitos. Conta com Programa de residência em Cirurgia Geral, do curso de medicina da FACIME. A Clínica tem estrutura e equipe composta por cerca de 10 médicos que realizam procedimentos como cirurgia torácica, apêndice, vesícula e hemorróida. Além de cirurgia de hérnia, colicesctomia, reconstrucão de trânsito intestional, hernioplastia epigástrica, pancreactomia, entre outras.

Clinica Cirúrgica II

Possui 34 leitos com 12 médicos especialistas em Ortopedia, Cirurgia Plástica, Urologia,Buco Maxilo , Otorrino e Cabeça e Pescoço.

Ortopédica

A clínica possui 39 leitos, realiza procedimentos como fraturas, colocação de protéses, cirurgias de colunas, colocação e retirada de fixadores. Conta com 20 ortopedistas. Além de profissionais de fisioterapia.

Ginecológica

A Clínica Ginecológica possui 16 leitos, realiza cirurgias de mama e ginecológicas comoas esterectomia, mastetomia, tratamento de incontinência urinária. Suporte emocional para mulheres com diagnóstico de câncer de mama. Conta com seis profissionais especializados e modernos equipamentos.

Neurológica

A única no Piauí que faz cirurgias como Aneurisma, tumor cerebral e TRM (Traumatismo Raquimedular), procedimentos que apenas o HGV oferece pela rede pública. Possui 32 leitos e nove médicos, sendo oito neurocirurgiões e um neurologista clínico.

Nefrológica

Esta clínica possui 20 leitos. Atende uma média de 60 pacientes em hemodiálise com 15 máquinas. Além do tratamento de hemodiálise ambulatorial e diálise peritonial (diálise que não precisa da máquina para fazer circular o sangue). A Clínica conta ainda com um ambulatório para consultas, atendimento e orientação dos pacientes que fazem a diálise peritonial em casa. Conta com 11 médicos especialistas.

Otorrinolaringológica

Prevenção e tratamento das doenças dos ouvidos, nariz, faringe (garganta), laringe e pescoço

Pneumológica

Reformada em 2009, possui 17 leitos distribuídos em cinco enfermarias climatizadas e

com área de isolamento para pacientes com tuberculose multiresistente. As internações são para tratamento de pneumonia, tuberculose, doença pulmonar obstrutiva crônica, derrame pleural dentre outras.

Dermatológica

A clínica é composta por consultórios, seis leitos, salas de pequenas cirurgias e laboratório específico para doenças de pele, onde são feitos exames de baciloscopia para investigar hanseníase e micológico direto para pesquisa de micose. Além de sala específica onde são realizadas as biópsias. O corpo clínico conta oito especialistas na área de Dermatológica e uma equipe multiprofissional (fisioterapeuta e terapeuta ocupacional.

Urológica

Referência no tratamento de doenças do aparelho urinário com procedimentos como

cirurgia de próstata, ureterolitotomia (cálculo uretral), nefrolitotomia ( retirada de cálculo renal), postectomia (fimose), além de outros procedimentos como retirada dos rins (nefrectomia). Conta 17 leitos e com oito profissionais médicos.

Oftalmológica

Possui 12 leitos, com especialidades nas áreas de córnea e doenças externas oculares

(glaucoma, catarata, estrabismo, plástica ocular, retina). Conta com seis médicos e demais profissionais.

Banco de Olhos Inaugurado em 2009, com significativo aumento no número de

transplantes de córnea.

Mutirão da Catarata realizado no ambulatório. Os usuários passam por triagem e os casos de catarata são encaminhados para cirurgia.

Cardiológica / Vascular

A implantação da clínica cardiológica em 2009 consolidou ainda mais a política de

fortalecimento da principal unidade de saúde do Estado do Piauí que atende pelo SUS.

Primeiro hospital público a realizar procedimentos endovasculares, tornouse referência como o hospital que mais realizou esses procedimentos no Estado em 2014, com 679 procedimentos e 167 já em 2015.

Fisioterápica

Uma das clínicas mais procuradas no Hospital. Para atender a demanda crescente de

usuários, a clínica conta com equipamentos que auxiliam no combate as dores crônicas

e atrofia. A clínica conta ainda aparelhagem eletrotermofototerápica e aparelhos defisioterapia respiratória e motora.

Hemodinâmica: um novo e moderno serviço

De janeiro a junho deste ano, o Serviço de Hemodinâmica do HGV realizou 455 procedimentos, nas áreas de neurologia e cardiovascular. Esse total corresponde a um aumento de 51% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 301 atendimentos.

Foram procedimentos de arteriografia, angioplastia, cateterismo, implante de veia cava, alcoolização (tratamento para má formação vascular) e embolização de aneurisma para colocação de stent, processo cirúrgico o qual o HGV é pioneiro na rede pública de saúde do Estado.

Segundo o coordenador do setor, médico Martônio Assunção, a aquisição de um novo e moderno aparelho de hemodinâmica possibilitou a otimização do volume de atendimentos, que também passaram a ser mais eficientes e seguros.

Um pouco da história do HGV

A concepção da construção do Hospital Getúlio Vargas ocorreu entre 1937 e 1938, pelo interventor Federal do Estado, médico Leônidas de Castro Melo, que desejava substituir a Santa Casa de Misericórdia, que funcionava como hospital de base desde 1852, para atendimento médico-hospitalar.

Foi programada sua inauguração para setembro de 1939 e depois reprogramada para maio de 1941. No dia 03 de maio de 1941, na comemoração do 6º ano do governo de Leônidas Melo, o Hospital Getúlio Vargas foi inaugurado. O seu real funcionamento ocorreu no final de setembro do mesmo ano.

A partir de1950, com o desenvolvimento das estradas de rodagem, principalmente a BR 316, que liga o Piauí ao Sul do Brasil, a estrada Teresina-Floriano e mais a BR-343 – Teresina-Fortaleza, contando também com a ajuda dos meios radiofônicos da Rádio Pioneira e Rádio Clube, o fluxo de doentes para Teresina aumentou.

Na década de 1960 o Governador do Estado, Petrônio Portela Nunes, atendendo sugestões dos diretores do HGV, construiu o 3º pavimento e o Centro Cirúrgico do HGV.

Além disso, o HGV passou a funcionar como Hospital Escola, com o advento da Faculdade de Medicina do Piauí.

Na década de 1970, houve a implantação da televisão, aumentando a demanda de pacientes que vinham das mais distantes localidades.

Na década de 90, mesmo com a redução dos recursos financeiros do pagamento dos procedimentos, o HGV passa a dar cobertura a todo o atendimento médico de urgência.

Com o passar do tempo, o hospital foi recebendo adaptações e reformas pontuais. Mas tornou-se difícil manter a qualidade, com o serviço de pronto-socorro sufocando o atendimento eletivo em alta complexidade.

Foi no final da primeira década dos anos 2000 que o HGV passou pela maior reforma de sua história. Na gestão de Assis Carvalho como secretário de Saúde, o setor de urgência foi transferido para um novo hospital de responsabilidade do município de Teresina. E abriu espaço para implantação de novos serviços, como hemodinâmica, e total reestruturação do hospital.

Esse investimento modernizou a estrutura física e o atendimento em todas as 15 clínicas e possibilitou, por exemplo, a criação de quase 100 leitos a mais, inclusive de UTI, a instalação do primeiro Banco de Olhos e retomada das operações de transplantes.

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