Saúde

Governadores reagem às trapalhadas (propositais) de Bolsonaro

Os dados, divulgados por Bolsonaro, são distorcidos porque englobam repasses obrigatórios pela Constituição, que estão previstos pelo pacto federativo

  • segunda-feira, 1 de março de 2021

Foto: Montagem pensarpiauiGovernadores
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Os governadores do Piauí, Wellington Dias (PT), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), contestaram o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), por uma postagem na qual listou valores que o governo federal teria repassado em 2020 a cada estado.

Na conta simplificada que retirou do Portal da Transparência, Localiza SUS e Senado Federal, Bolsonaro citou valores diretos (saúde e outros), indiretos (suspensão e renegociação de dívidas) e colocou à parte o valor do auxílio emergencial. A postagem ocorre em um momento em que o governo federal é cobrado para voltar a financiar leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) destinados a pacientes com covid-19.

De acordo com os governadores, os dados são distorcidos porque englobam repasses obrigatórios pela Constituição Federal, que estão previstos pelo pacto federativo.

Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, postou: "O presidente da república mistura, sem explicar, todos os repasses federais (até os obrigatórios pela CF) e fala que mandou R$ 40 bilhões pro RS. Se a lógica é essa, fica a dúvida: como o RS mandou pra Brasília 70bi em impostos federais, cadê os nossos outros 30bi que enviamos? A resposta a essa última pergunta não é o que se quer. E sim o entendimento de que a linha da má informação e da promoção do conflito entre os governantes em nada combaterá a pandemia e muito menos permitirá um caminho de progresso para o país."

Para Wellington Dias, governador do Piauí, Bolsonaro “confunde e engana a população”, com a postagem.

“As transferências constitucionais obrigatórias e os benefícios previdenciários não podem ser vistos ou divulgados como ação extraordinária do governo federal. São recursos que cada estado e município têm direito pelo pacto federativo. Não é favor algum!”, disse

“Estamos à beira de um colapso nacional na rede hospitalar. Chegamos a 255 mil óbitos no Brasil, mais de mil pessoas morrendo por dia e milhares sofrendo em hospitais lotados. Em que contribui atitudes como esta do presidente?”, completa. (…)

Reação coletiva

Os governadores decidiram reagir coletivamente. Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo, informou que os estados e o Distrito Federal realizarão compras conjuntas de vacinas. Nesta terça-feira, 18 governadores visitarão, em Brasília, a sede da empresa União Química, que representa no Brasil a vacina russa Sputnik V. Articulam também uma reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira.

De acordo com Casagrande, os 27 governadores estão comprometidos com o movimento.

“Não haverá a formalização de um consórcio. Nossa ideia é comprar cotas proporcionais à população de cada estado. Nenhum estado comprará mais do que o equivalente ao percentual de sua população. Sempre que comprarmos, haverá uma distribuição equitativa de doses. E cada estado pagará a sua cota, fazendo um contrato com o laboratório.”

Após um ano de pandemia, o país vive o pior momento. Casagrande lamentou o comportamento de Bolsonaro. “Hoje, temos 20 estados com dificuldades de atender às pessoas que precisam de UTI. E o presidente, na semana do pior momento da pandemia, dá uma declaração menosprezando as máscaras. Não é fácil. Por isso iremos a Brasília. Já fizemos uma reunião com o Rodrigo Pacheco [presidente do Senado]. Estamos pedindo para que seja nesta terça-feira a reunião com o Arthur Lira.”

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