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Fim da Aposentadoria por Tempo de Contribuição: esquerda continua sem dialogar com a classe média

Fim da Aposentadoria por Tempo de Contribuição: esquerda continua sem dialogar com a classe média

Foto: GoogleCarteira de Trabalho
Carteira de Trabalho

O pacote de medidas apresentado por Jair Bolsonaro para uma “Nova Previdência” traz o fim da Aposentadoria por Tempo de Contribuição. Aprovada a reforma defendida por Ratinho e outros, o trabalhador só vai se aposentar por idade, e bota idade nisso. Bolsonaro apresentou suas propostas ao Congresso e ao Brasil e de lá para cá a tônica é só reforma da Previdência. Só agora com o episódio Neymar/Najila o Brasil achou outro assunto para discutir. O PT dividiu-se em dois: os parlamentares do Partido negam a Reforma da Previdência e anunciam voto contrário ao projeto. Os governadores de Estado do PT e outros de esquerda se colocam contra a Reforma na forma como foi apresentada mas dizem que estão dispostos ao diálogo, se, do projeto, forem excluídos os temas da capitalização, e do garote imposto por Bolsonaro aos Benefícios de Prestação Continuada (BPC) e aos trabalhadores rurais. Nenhuma palavra sobre o fim da Aposentadoria por Tempo de Contribuição! Qual o trabalhador brasileiro tem direito a aposentadoria por tempo de contribuição? Aquele trabalhador homem que comprovar 35 anos de contribuição e a trabalhadora mulher que comprovar 30 anos. Na prática este benefício previdenciário atende a pequenos funcionários públicos e a trabalhadores autônomos, do comércio e da indústria – a famosa pequena classe média. Além dos beneficiários do BPC e dos trabalhadores rurais, será esta pequena classe média que pagará os trilhões que Guedes quer economizar com a reforma da Previdência Social. E dos partidos de esquerda, nenhuma palavra a favor dos trabalhadores autônomos, do comércio e da indústria. Nas eleições brasileiras parte do eleitorado vota em candidatos de esquerda seja qual for a situação, uma mesma proporção de brasileiros vota em candidatos da direita também na mesma condição. O pendulo, a decisão da eleição, é sempre proporcionada pela classe média brasileira. Para onde ela pender, ter-se-á o vitorioso eleitoral. Mas para serem justos, os partidos de esquerda deveriam defender a continuidade da Aposentadoria por Tempo de Contribuição porque não é ela a causadora do dito e não provado rombo do regime geral da Previdência. O trabalhador ter a possibilidade de se aposentar após contribuir religiosamente por 35 anos não é privilégio, é direito, e não quebra a Previdência Social.  O que quebra a Previdência é, entre outras coisas, o governo permitir que empresas parcelem suas dívidas previdenciárias em 115 anos. Nos governos do PT (Lula e Dilma) a atenção esteve muito voltada para os mais pobres e aqueles governos esqueceram de dialogar com a classe média. O tempo foi passando e, a mesma classe que tinha pendido para o lado do PT de 2002 a 2014, passou a pender para a direita a ponto de em 2018 eleger Bolsonaro. O presidente propõe uma reforma da Previdência que fará esta classe trabalhar e não se aposentar e os partidos de esquerda não dão uma palavra a favor dela. Depois reclamam das eleições.

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