Pensar Piauí

Experiência de Floriano não se baseia na cloroquina

O uso de corticoides injetáveis, na segunda fase da Covid-19, é que tem feito a diferença na melhora e cura de pacientes

Foto: Pleno.NewsMinistra Damares Alves visitou o Hospital Regional Tibério Nunes
Damares Alves visitou o Hospital Tibério Nunes e fez uso político da cloroquina

Quanto à esperança e até certa euforia em torno dos supostos efeitos benéficos da cloroquina e hidroxicloroquina, no tratamento dos pacientes com Covid-19, não há fórmulas mágicas, milagres, descobertas sobre o uso combinado dessas drogas com outros fármacos, como corticoides, etc. Mas não há veto, proibição relacionada à aplicação dos medicamentos em questão, em casos individuais de pacientes infectados pelo novo coronavírus, apresentando sintomas mais ou menos graves, que precisem de atendimento em hospitais, etc.

Essa é a posição do secretário da Saúde, Florentino Neto, destacando que o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE), responsável pela gestão da crise sanitária causada pela pandemia no Piauí, estabelece que a cloroquina e hidroxicloroquina podem ser usados pelos médicos. Desde que haja o consentimento dos pacientes, por escrito, mas não há certezas quaisquer no que se refere às duas substâncias. Muito pelo contrário.

O secretário deixou claro que existe um protocolo definido pelo COE, que não inclui, por exemplo, a medicação dos dois remédios, que se transformaram em panaceia para grupos políticos conservadores que apoiam a cruzada necrófila do presidente Jair Bolsonaro, no sentido de minimizar a gravidade da epidemia. Segundo Florentino Neto, o protocolo de tratamento estabelecido pelo COE tem servido para salvar muitas vidas, sem o uso de ambos os remédios em questão, e resultado em altas de pacientes que tiveram Covid-19.

Jesus na goiabeira

O debate voltou a se intensificar depois que as notícias referentes ao Hospital Regional Tibério Nunes, em Floriano, ganharam repercussão nacional e provocaram inclusive a visita da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, nesta quinta-feira (14-5). Na ocasião, a ministra se disse “impactada” e reforçou o coro dos contentes com a suposta cura da Covid-19 atribuída a cloroquina e hidroxicloroquina, politizando-as no contexto de guerra político-ideológica entre Bolsonaro e os governadores.

Porém, como esclareceu Florentino Neto, o protocolo de tratamento adotado pelo COE, fundamentado na Organização Mundial da Saúde (OMS), no Ministério da Saúde e em pesquisas científicas consolidadas, não há qualquer segurança no que diz respeito aos dois medicamentos. Tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina servem para tratar doenças como lúpus eritematoso sistêmico e discoide, artrite reumatoide e juvenil, doenças fotossensíveis, malária, etc. E há muitos efeitos colaterais, inclusive letais.

No caso de Floriano, o diretor técnico do Hospital Regional Tibério Nunes, Justino Moreira, não destacou o aspecto dessas drogas no tratamento, mas observou, principalmente, que o uso de corticoides injetáveis, na segunda fase da doença, é que tem feito a diferença. Vários pacientes obtiveram melhoras significativas em seu quadro clínico e chegaram à cura. O procedimento foi repassado por médicos espanhóis, mas a ciência ainda não o consolidou, muito menos a cloroquina e hidroxicloroquina a quem tem Covid-19.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS