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Exército não pune Pazuello: disciplina é só para aluno de colégio militarizado

Como militar da ativa, Pazuello transgrediu regra do Exército que proíbe manifestações políticas dos oficiais

Foto: Poder360Pazuello participou de ato com Bolsonaro no Rio de Janeiro
Pazuello participou de ato com Bolsonaro no Rio de Janeiro


247- O Exército divulgou nesta quinta-feira (3) comunicado informando que o comandante, general Paulo Sérgio Oliveira, decidiu não punir o ex-ministro da Saúde e general Eduardo Pazuello por sua participação no ato político a favor de Jair Bolsonaro em 23 de maio.

Como militar da ativa, Pazuello não poderia ter comparecido ao protesto.

“Acerca da participação do General de Divisão Eduardo Pazuello em evento realizado na Cidade do Rio de Janeiro, no dia 23 de maio de 2021, o Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Comandante do Exército analisou e acolheu os argumentos apresentados por escrito e sustentados oralmente pelo referido oficial-general. Desta forma, não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte do General Pazuello. Em consequência, arquivou-se o procedimento administrativo que havia sido instaurado”, diz a nota.

O procedimento disciplinar aberto contra Pazuello foi arquivado.                                                                              

Análise do professor Luís Felipe Miguel

E o Exército decidiu que não vai punir Pazuello. Como disse Regina Dalcastagne, esse negócio de disciplina é só para aluno de colégio militarizado. Daí, um uniforme mal abotoado pode valer uma semana de suspensão.

Mas para o general tá tudo liberado. Pode fazer comício com genocida. Pode mentir deslavadamente ao apresentar sua defesa.

E a imprensa especulando sobre a preocupação do generalato com a desmoralização da força.
Que desmoralização que nada. O governo é um parceirão e tanto. O que mais um Exército de despreparados, incompetentes e desprovidos de sentido nacional poderia querer?

Enquanto os brasileiros morrem esperando UTI, os hospitais militares mantêm leitos ociosos. Enquanto saúde, educação e ciência estão à míngua, as verbas militares crescem. Enquanto o funcionalismo civil apanha sem trégua, os militares são poupados. E, para as patentes mais altas, não faltam cargos, vantagens, mordomias.

O verbo é "locupletar". Justo Veríssimo - os mais velhos saberão quem é - hoje usa farda.

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