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Estudante negro é chamado de “Saci” por professora no Paraná

'Era melhor que desse um tapa na minha cara do que tivesse ofendido meu filho', disse a mãe

Foto: Antônio Nascimento/Banda BEstudante negro é chamado de “Saci” por professora no Paraná
Estudante negro é chamado de “Saci” por professora no Paraná

Um adolescente negro, de 17 anos, estudante do Colégio Estadual Guarda Mirim, registrou um boletim de ocorrência contra uma professora da instituição após ter sido chamado de “Saci”, na quarta-feira (29). O jovem afirmou que foi ofendido durante “inspeção de barba” na escola.

“Eu cheguei do serviço e fui almoçar com meus colegas no colégio. Quando estava indo escovar os dentes, a professora passou fazendo inspeção da barba e me chamou de ‘Saci’ ao chamar minha atenção”, relembrou o estudante, que não quis se identificar.

O saci, também conhecido como “saci-pererê”, é um dos principais personagens do folclore brasileiro e representado pela figura de um homem negro com uma das pernas amputadas.

De acordo com o adolescente, inspeções do gênero são recorrentes no colégio em que estuda. Após o episódio, diz ele, a barba foi aparada. “Eu fiquei em choque”, acrescentou o garoto, que estuda na instituição há pelo menos dois anos.

Em entrevista à Banda B, a mãe do aluno afirmou ter ficado nervosa quando recebeu a notícia sobre o ocorrido com o filho. Segundo ela, a filha foi até o colégio para entender a situação.

“Acho isso injusto. O colégio é de renome e não esperava que isso pudesse acontecer lá dentro. Quero justiça! Era melhor que desse um tapa na minha cara do que tivesse ofendido meu filho”, lamentou.

O que diz a Secretaria de Educação

Procurada pela Banda B, a Secretaria da Educação e do Esporte (Seed) do Paraná afirmou, também por meio de nota, que consta no regimento interno do Colégio Estadual Guarda Mirim especificações “a respeito da conduta social nas dependências do colégio”, sendo uma delas a diretriz de os alunos manterem barba e cabelos aparados.

Sobre a ofensa denunciada pelo estudante, a pasta afirmou que a professora teria o advertido “de maneira informal” sobre o comprimento da barba. A servidora, diz a nota, será remanejada para outra instituição até que as apurações sejam concluídas.

Leia a nota na íntegra:

“A Seed-PR tomou conhecimento da situação às 17h desta quinta-feira (30) e, em apuração do fato junto à direção do Colégio Estadual Guarda Mirim do Paraná esclarece que:

Como todas as instituições de ensino (cívico militares ou não), Colégio Estadual Guarda Mirim do Paraná conta com regimento interno, no qual especificações a respeito da conduta social nas dependências do colégio estão dispostas. Uma delas diz respeito à preferência de os alunos da instituição frequentarem as aulas com barba e cabelos aparados. Tais especificações são regularmente repassadas pela equipe diretiva aos alunos;

Em revista de rotina, na última quarta-feira (29), a escola afirma que uma das professoras da instituição teria advertido, de maneira informal, um dos alunos a respeito da barba por fazer;

Sobre forma na qual tal advertência foi comunicada, o colégio afirma prezar pelo máximo respeito no tratamento com os estudantes e está apurando a situação junto ao corpo docente para melhores esclarecimentos da situação. A professora envolvida será remanejada para outra instituição até o término das apurações;

A Seed-PR reforça que as instituições de ensino do Estado respeitam a individualidade, preferências e forma de expressão de seus alunos e que qualquer forma desrespeitosa, preconceituosa ou difamatória na comunicação da comunidade escolar é enfaticamente combatida em toda a rede.

O que diz a Polícia Civil

Em nota, a Polícia Civil informou que o caso registrado no 4º Distrito Policial está sob investigação. “A PCPR está apurando caso e realizando diligências para esclarecer os fatos. No momento, detalhes não serão repassados para não atrapalhar o andamento das investigações”.

Com informações da Banda B

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