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"Estamos lidando com um moleque", diz ministro do STF sobre silêncio de Bolsonaro e bloqueios golpistas nas estradas

Magistrados de tribunais de Brasília entendem que o silêncio de Bolsonaro visa estimular protestos golpistas em todo o país contra o resultado das ele

Foto: ReproduçãoBolsonaro
Bolsonaro

247 - "Estamos lidando com um moleque": foi assim que um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) falou à Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, sobre o silêncio de Jair Bolsonaro (PL) sobre o resultado da eleição de domingo (30).

A avaliação de "magistrados de tribunais de Brasília" é de que, calado, sem reconhecer a legimitidade da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro tem como objetivo estimular protestos golpistas em todo o país.

Desde segunda-feira (31), se avolumam nas rodovias brasileiras bloqueios realizados por bolsonaristas que pregam o desrespeito às urnas e pedem um golpe de Estado com intervenção militar.

"A democracia pressupõe que você lide com gente que tem consciência de sua responsabilidade", o que não seria o caso de Bolsonaro, declarou outro magistrado de tribunal de Brasília.

Mesmo os magistrados mais alinhados ao atual governo demonstram preocupação com a situação. Um deles afirmou que Bolsonaro, "pelo seu jeito de ser", conseguiu "uma rejeição maior que a do PT". Ele falou na necessidade de pacificar o país, sem "radicalização de nenhum dos lados".

Senador eleito pelo PSB afirma que Bolsonaro mais uma vez agride o Estado democrático de direito é oportunista e está estimulando arruaças nas rodovias

Em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta terça-feira (1º), o senador maranhense Flávio Dino (PSB) disse que o silêncio de Jair Bolsonaro sobre sua derrota nas eleições presidenciais de domingo "é coerente com uma pessoa que tem muita intolerância com as boas práticas democráticas" Dino destaca que "de modo oportunista, com esse silêncio, ele está estimulando essas arruaças nas rodovias".

"Mais uma vez, Bolsonaro agride o Estado democrático de Direito", enfatizou o senador eleito.

Flávio Dino relembra que durante a campanha eleitoral houve aparelhamento das instituições para fins partidários. "Se você olhar a quantidade de operações que a PRF fez ao longo de 2022 inteiro, vai identificar que ontem houve comportamento fora do padrão (a corporação fez ações voltadas à fiscalização de transporte de passageiros, que prejudicaram a chegada de eleitores em locais de votação). Em relação a esse episódio dos caminhoneiros, temos crimes sendo perpetrados em flagrante, e a PRF está, em muitos casos, apenas acompanhando".

Indagado se há temor de que esses atos se alastrem pelo país, Flávio Dino considera que até agora , são movimentos isolados, o que não retira a sua gravidade. "É um desafio concreto para o governo federal e, em última análise, para o Judiciário. Não cabe ao presidente eleito tomar qualquer providência. Cabe ao atual governo aplicar a lei. Vemos internamente e internacionalmente o reconhecimento quanto à legitimidade da eleição. Os bloqueios das rodovias são lamentáveis, mas não parecem sinalizar risco de golpe de Estado, ou seja, de nenhuma virada de mesa no Brasil nesse momento".

Dino lamenta a ideologização de instituições, como as polícias, que devem ser de Estado, apartidárias. "Uma coisa é a posição pessoal de cada cidadão ou cidadã, que deve ser sempre protegida. Agora, ele não pode usar a sua função pública, a farda e o armamento para militar a favor de uma posição ideológica. Vimos isso também no Judiciário e no Ministério Público. É preciso que a gente vá com calma conversar com essas corporações, porque a imensa maioria dos que a integram também não concorda com essa ideologização". 

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