Está na hora de obrigar a castração dos cães agressivos

Por Luis Felipe Miguel, professor, no facebook 

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Ontem, a escritora Roseana Murray foi atacada por três pitbulls ao caminhar em Saquarema, na região dos lagos fluminense. Está hospitalizada, em estado grave. A imprensa relata que perdeu um braço.

Projetados para serem agressivos, já que a raça nasceu da seleção (humana) dos espécimes mais ferozes, os pitbulls protagonizam episódios similares com frequência. Sua reprodução é proibida em diversos países.

No Brasil, projetos que estipulam a esterilização obrigatória de todos os pitbulls, a fim de garantir sua extinção no território nacional no decurso de alguns anos, tramitam há décadas, sem jamais se transformarem em lei.

É curioso que não sejam aprovados. É uma medida óbvia, que protege a população, tem custo pequeno e não exige o sacrifício dos animais. A cada incidente trágico, como o de ontem, a opinião pública se alinha favoravelmente à restrição, criando janelas de oportunidade muito propícias à aprovação.

Mesmo no clima de polarização política vigente, a medida é capaz de congregar apoios de todos os lados.

Só posso pensar que nosso legislativo é tão vulnerável à pressão dos interesses econômicos que até um segmento tão irrelevante quanto o dos criadores de pitbulls é capaz de bloquear a aprovação de uma medida óbvia.

Está na hora de obrigar a castração dos cães agressivos. Dava para aproveitar o embalo e proibir a comercialização de animais domésticos, desta vez em nome dos direitos dos animais – os suplícios impostos às matrizes, para satisfazer a vaidade instagramável de compradores, são imensos.

A Assembleia Legislativa de São Paulo chegou a aprovar lei que dava alguns passos nesse sentido, mas Tarcísio de Freitas vetou a lei – por pressão, no caso documentada, de criadores e vendedores. Como falei, um setor economicamente pouco expressivo, mas capaz de impor seus interesses diante do poder público.