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Especialista explica peso das igrejas evangélicas na política

A influência política evangélica é uma das tendências políticas mais importantes das últimas quatro décadas no continente americano, diz historiador

Foto: BBCNo Brasil, setores evangélicos formam uma das principais bases de apoio de Jair Bolsonaro
No Brasil, setores evangélicos formam uma das principais bases de apoio de Jair Bolsonaro

Para o historiador americano Andrew Chesnut, autor de dezenas de livros e artigos sobre o crescimento das igrejas pentecostais, a forte influência dos evangélicos na ascensão e queda de líderes é uma das principais "tendências" da política atual do continente americano. "É uma das tendências políticas mais importantes das últimas quatro décadas no continente americano", declarou em entrevista à BBC News Brasil. 

Andrew Chesnut leciona na Virginia Commonwealth University e assina diversas publicações sobre o papel da religião na América Latina, entre elas o livro Born Again in Brazil: Pentecostal Boom and the Pathogens of Poverty.

Ele listou cinco fatores que ajudam a responder às seguintes peguntas: "Mas o que explica essa influência crescente da religião na política de países do continente? E por que igrejas evangélicas têm conseguido cada vez mais adeptos entre os latino-americanos?"

Responde: a coesão ideológica dos evangélicos, o que facilitaria articulações políticas; o fato de os ritos das igrejas evangélicas serem mais "condizentes" com aspectos da cultura da América Latina; a adoção de regras menos rígidas para a formação de sacerdotes, permitindo maior inserção nas camadas mais pobres; a criação de redes de apoio em comunidades carentes; e a capacidade de ecoar pensamentos compartilhados por setores conservadores da classe média e alta.

De acordo com a reportagem, nos últimos anos menções a Deus e a passagens da Bíblia parecem ter se multiplicado em discursos políticos, e o apoio evangélico se tornou instrumental na ascensão de líderes de direita na América Latina e nos EUA. "A Bíblia voltou ao palácio", declarou a presidente interina da Bolívia, a senadora Jeanine Áñez, ao tomar posse na semana passada. Alguns dias antes, Fernando Camacho, uma das principais vozes no processo que levou à renúncia de Evo Morales, entrou com a Bíblia em mãos no mesmo edifício e disse que "Deus" retornaria ao "governo".

No Brasil, os evangélicos, de acordo com pesquisa Datafolha, já são 29% dos brasileiros e são a principal base eleitoral do presidente Jair Bolsonaro. 

Matéria na íntegra: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50462031
 

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