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Elos entre Nossa Senhora Aparecida e a escravidão

O historiador Laurentino Gomes publica twitter chamando atenção para o tema e anunciando livro

Foto: TwitterNossa Senhora Aparecida
Nossa Senhora Aparecida

O jornalista Laurentino Gomes, autor de livros de história famosos, como a trilogia “1808”, “1822” e “1889”, foi às redes sociais nesta segunda-feira (12) para apontar o elo entre a Nossa Senhora Aparecida, santa padroeira do Brasil, com a escravidão.

De acordo com ele, a história do “resgate” de Nossa Senhora por pescadores pode ter sido protagonizada por indígenas e negros escravizados do século 18. A teoria fará parte do segundo volume da trilogia “Escravidão”, que será lançado pelo autor na Bienal do Rio de Janeiro em 2021.

“Não por coincidência o maior território escravista do Hemisfério Ocidental tem como padroeira uma santa negra”, inicia o jornalista. “Em 1717, ano da pesca milagrosa de Aparecida, a corrida do ouro no Brasil estava no auge”, conta. Naquele ano, a Câmara de Santo Antônio de Guaratinguetá, em São Paulo, decidiu homenagear um conde que havia acabado de chegar de viagem de Portugal.

“A câmara decidiu homenageá-lo com um banquete que incluía pratos de peixes. Entre os pescadores que saíram da fazenda do capitão José Correia Leite, na vizinha Pindamonhangaba, estavam João Alves, Domingos Garcia e Felipe Pedroso”, afirma o historiador.

“Foram esses trabalhadores que, ao lançar suas redes, pescaram – primeiro o corpo, depois a cabeça – a imagem enegrecida de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal, depois rebatizada como Nossa Senhora de Aparecida. Seriam eles homens escravizados? Provavelmente, sim”, continua.

Laurentino Gomes explica que, naquela época, a pesca no Brasil era uma atividade de indígenas ou negros escravizados. Além disso, segundo o jornalista, houve um outro episódio que também ligou a história de Nossa Senhora Aparecida à escravidão.

“Um dos primeiros milagres de Aparecida teria sido a libertação de um escravo, Zacarias. Fugido de uma fazenda no PR, ao ser recapturado no Vale do Paraíba, Zacarias fez um pedido ao capitão do mato. Queria rezar aos pés da santa negra. Quando se ajoelhou, as correntes se partiram”, conta.

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