Política

Eles estão de volta, ajudando Arthur Lira a salvar Bolsonaro

A capacidade de sobrevivência dessa gente é algo para ser estudado com rigor

  • terça-feira, 20 de julho de 2021

Foto: Correio BrazilienseTemer e Eduardo Cunha
Temer e Eduardo Cunha

DCM - Primeiro foi Temer. Agora Eduardo Cunha.

O Brasil de Bolsonaro, que chegou ao poder negando a ‘velha política’, tira da lama duas das figuras mais nefastas da vida pública nacional.

O golpista ressurgiu das cinzas como ‘garoto propaganda’ do semipresidencialismo, uma pasmeceira inventada de última hora como antídoto para a eventualidade de Lula chegar à presidência em 2022.

Em linhas gerais, introduz no cenário político a figura do primeiro-ministro e aumenta o poder do Congresso. Temer alega que seu governo, quando só faltou entregar as calças para o Centrão, é exemplo de que a coisa funciona.

O Estadão usou a figura como garoto propaganda para sustentar a fraude.

Para ter ideia da loucura que é o semipresidencialismo, basta uma constatação: o gabinete do primeiro-ministro seria instalado dentro da Câmara dos deputados. Devemos rir ou chorar?

Agora, Eduardo Cunha.

Após deixar a prisão, o comparsa de Temer no golpe de 2016 também volta aos holofotes.

Cunha articula na Câmara a aprovação da obrigação do voto impresso. É um suspiro para ajudar Bolsonaro a embaralhar as cartas e tentar, mesmo que pela fraude, se manter na presidência.

A próxima sessão da comissão que debate o voto impresso está agendada para 5 de agosto.

Não será tarefa fácil. Semanas atrás 11 partidos de direita se uniram contra a proposta.

Em se tratando de Brasil, nada deve surpreender.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, acaba de sentar sobre uma montanha de R$ 11 bilhões para distribuir aos deputados da base. Isso mesmo: R$ 11 bilhões.

Com Temer bancando o semipresidencialismo, Eduardo Cunha o voto impresso e Lira liberando a verba tudo pode acontecer.

O Brasil virou um hospício, com Bolsonaro no comando e Temer, Lira e, agora Cunha, na condição de carcereiros dos loucos famintos.

A capacidade de sobrevivência dessa gente é algo para ser estudado com rigor.

Arthur Lira cria esquema para distribuir R$ 11 bi em emendas parlamentares

Podendo controlar R$ 11 bilhões em emendas parlamentares, nenhum homem tem mais poder no Congresso hoje do que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).  O valor é maior, por exemplo, do que o orçamento de sete ministérios, como o de Minas e Energia e o de Ciência e Tecnologia, e quatro vezes o orçamento do Meio Ambiente.

Esse valor corresponde a parte da Câmara do recém descoberto orçamento secreto, que recebeu esse nome porque as informações de origem da emenda não serão registradas publicamente, nem quais são os critérios determinam o quanto e onde os recursos serão gastos.

A única coisa definida sobre o recurso é, no entanto, que para os parlamentares terem acesso a ele precisam passar por Lira, que deverá controlar o atendimento das demandas de líderes partidários de acordo com a fidelidade às causas do governo e a proximidade de cada grupo com ele próprio.

Ao que se sabe, Lira usará como critério a distribuição de apenas R$ 20 milhões para os partidos mais distantes dele politicamente, R$ 80 milhões aos líderes partidários que apoiam ele e o presidente parcialmente e R$ 100 milhões para os partidos mais próximos.

O tamanho da bancada também pesa na distribuição dos recursos. Assim, por exemplo, bancadas grandes como a do PL (41 deputados) ou a do PSL (com 53) receberão mais, desde que estejam fechadas com o presidente da Casa. O valor exato que cada um receberá, porém, não foi divulgado.

PS: O montante serve na realidade para garantir paz a Bolsonaro, na certeza de que o ‘roletrando’ de Arthur Lira vai garantir que a base governista da Câmara não se anime pelo impeachment do capitão.

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