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Deputados eleitos na onda do bolsonarismo amargam desempenho ruim em pesquisas

Nenhum deles aparece com chance de ir ao segundo turno

Foto: Reprodução FacebookJoice Hasselmann foi eleita na onda bolsonarista mas está com fraco desempenho nas pesquisas em SP
Joice Hasselmann foi eleita na onda bolsonarista mas está com fraco desempenho nas pesquisas em SP

Com informações do Terra/Estadão

Com 136.742 votos, a professora Dayane Pimentel (PSL-BA) foi a candidata à Câmara dos Deputados mais votada da Bahia em 2018. Na ocasião, ela se identificava como a "Federal do Bolsonaro" e foi uma dos 52 eleitos pelo seu partido na onda do bolsonarismo. Dois anos depois e rompida com o governo, Dayane amarga 2% nas intenção de voto para a prefeitura de Feira de Santana (BA), o que indica que ela deve ficar fora de um eventual segundo turno na disputa municipal.

Além de Dayane, outros seis deputados da bancada do PSL na Câmara, ex-partido do presidente Jair Bolsonaro, disputam prefeituras pelo País. Nenhum deles aparece nas pesquisas com chance de ir ao segundo turno. Quem chega mais perto disso é o deputado Professor Joziel (PSL-RJ), candidato em São João de Meriti (RJ). Ele aparece em terceiro, com 11,8% das intenções de voto.

Na capital paulista, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) - que desponta com 2% das intenções de voto na mais recente pesquisa Ibope/TV Globo/Estadão - atribui o insucesso dos deputados do PSL a uma indefinição do próprio partido. "Um dos fatores que fez com que isso acontecesse foi a guerra declarada contra o PSL por esse grupo dos bolsonaristas", disse. "Quem olha para o partido se pergunta, é o PSL da Joice que conversa que dialoga, liberal, mas com cabeça racional? Ou é o PSL do Eduardo Bolsonaro (deputado federal e filho do presidente)? Que sai por ai fazendo meme, atacando e xingando?", disse ela, que também rompeu com o governo. Joice, no entanto, acha que os resultados das urnas podem ainda surpreender.

Mesmo o apoio explícito do presidente não tem surtido efeito nas principais disputas. Como mostrou o Estadão, a maior parte dos candidatos ligados ao bolsonarismo nas principais cidades do País está no pé da tabela das intenções de voto ou tem escondido a figura do presidente para evitar a queda nas pesquisas.

Em Boa Vista, o deputado Nicoletti (PSL-RR) aparece em quinto, segundo a mais recente pesquisa Ibope encomendada pela Rede Amazônica. Ele chegou a dizer que tinha o apoio de Bolsonaro na disputa municipal, mas voltou atrás. "Estou fazendo minha campanha independente dos velhos grupos políticos de Roraima sem coligação e somente com o apoio do povo e de Deus. Estou firme e com grandes chances de ir ao segundo turno enfrentando três estruturas de candidatos, Prefeitura, Governo e Assembleia legislativa", disse Nicoletti ao Estadão.

O deputado foi eleito com 12.969 votos em 2018, com 1.090 votos a mais do que o deputado Otaci (Solidariedade-RR), também candidato à Prefeitura de Boa Vista e em primeiro lugar nas intenções de voto.

Divisão no PSL
Até então nanica, com apenas quatro eleitos, o PSL se tornou uma superpotência partidária em 2018 na onda do bolsonarismo. Após eleger 52 parlamentares, a bancada rachou poucos meses depois. O pano de fundo da briga foi a disputa pelo controle dos recursos públicos destinados à sigla entre o presidente Jair Bolsonaro e o deputado Luciano Bivar (PSL-PE), que comanda a legenda desde 1994. O resultado foi desfiliação de Bolsonaro e a criação de duas alas antagônicas, a dos "bolsonaristas" e dos "bivaristas".

O deputado Heitor Freire (PSL-CE) foi um que ficou do lado dos "bivaristas". Atualmente, ele disputa a prefeitura de Fortaleza e apareceu com 2% das intenções de votos (7º lugar) para a prefeitura da capital cearense, de acordo com pesquisa O Povo/Datafolha divulgada na quarta-feira.

"O meu foco agora é apresentar a pessoa do Heitor, não tenho padrinho político. Sou um cara preparado, sou de direita, conservador. O momento agora não é mais daquela discussão ideológica. As pessoas agora estão preocupadas com falta de remédio e com a economia", disse o deputado.

No Rio de Janeiro, o deputado Luiz Lima (PSL-RJ), vice-líder do governo de Bolsonaro na Câmara, está em quinto lugar nas pesquisas. Ele não respondeu à reportagem. Ainda na lista da bancada do PSL na disputa por prefeituras aparecem Ricardo Pericar (PSL-RJ), em quarto lugar nas pesquisas locais para a prefeitura de São Gonçalo (RJ). Pericar e Joziel não foram encontrados pela reportagem para comentar.

O deputado Loester Trutis (PSL-MS) chegou a apresentar candidatura para a prefeitura de Campo Grande, mas depois de uma disputa interna o partido decidiu manter o nome de Vinícius Siqueira como o candidato da legenda.

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