Política

Dallagnol negociou com EUA divisão de dinheiro da Petrobras

As informações são dos jornalistas Leandro Demori e Jamil Chade, do UOL.


Foto: ReproduçãoDeltan Dallagnol
Deltan Dallagnol

O ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos) negociou em sigilo com as autoridades dos EUA um acordo para dividir o dinheiro que seria cobrado da Petrobras em multas e penalidades por causa da corrupção. As informações são dos jornalistas Leandro Demori e Jamil Chade, do UOL.

Os diálogos foram apreendidos pela Polícia Federal durante a operação Spoofing. As conversas ocorreram no Telegram e não foram oficialmente registradas, envolvendo procuradores suíços e brasileiros. Dallagnol contou o resultado dos primeiros contatos entre ele e as autoridades americanas. Para ambos os lados, foi considerado estratégico envolver a Justiça americana.

"Meus amigos suíços, acabamos de ter uma reunião introdutória de dois dias com a SEC (Comissão de Valores Mobiliários) dos EUA. Tudo é confidencial, mas eu disse expressamente a eles que estamos muito próximos da Suíça e eles nos autorizaram a compartilhar as discussões da reunião com vocês".

Em seguida resume a reunião: "Proteção às testemunhas de cooperação: eles protegerão nossos cooperadores contra penalidades civis ou restituições; Penalidades relativas à Petrobrás. O pano de fundo: O DOJ e a SEC aplicarão uma penalidade enorme à Petrobrás, e a Petrobrás cooperou totalmente com eles. Eles não precisariam de nossa cooperação, mas isso pode facilitar as coisas e, se cooperarmos, entendemos que não causaremos nenhum dano e poderemos trazer algum benefício para a sociedade brasileira, que foi a parte mais prejudicada (e não os investidores dos EUA). Como estávamos preocupados com uma penalidade enorme para a Petrobrás, muito maior do que tudo o que recuperamos no Brasil, e preocupados com o fato de que isso poderia prejudicar a imagem de nossa investigação e a saúde financeira da Petrobrás, pensamos em uma solução possível, mesmo que não seja simples. Eles disseram que se a Petrobrás pagar algo ao governo brasileiro em um acordo, eles creditariam isso para diminuir sua penalidade, e que o valor poderia ser algo como 50% do valor do dinheiro pago nos EUA".

"Outras empresas internacionais: elas concordam em buscar um acordo conjunto. Mencionei que estamos caminhando junto com vocês e eles disseram que é possível coordenar um acordo conjunto com o Brasil e a Suíça quando ambos os países tiverem casos em relação à empresa… Ressaltei a importância das provas suíças em relação a muitas empresas. Se isso der certo, nós (suíços e brasileiros) poderemos tirar proveito dos poderes dos EUA para pressionar as empresas a cooperar e fazer acordos. Tudo isso foi discutido apenas com a SEC. Ainda temos que discutir com o DOJ. Se quiser, posso colocá-lo em contato direto com as autoridades da SEC e do DOJ com quem conversamos. Eles disseram que estão disponíveis", dizia outra mensagem de Dallagnol.

As comunicações secretas entre membros da Lava Jato e procuradores estrangeiros não se limitaram apenas à Suíça. Documentos revelaram a proximidade, reuniões e trocas ilegais de informações entre brasileiros e norte-americanos.

Dallagnol ocultou o nome de 17 agentes americanos que passaram por Curitiba em 2015, sem qualquer conhecimento do Ministério da Justiça. Haviam procuradores vinculados ao Departamento de Justiça e agentes do FBI. Nesses encontros os procuradores da Lava Jato sugeriram aos americanos formas de contornar uma decisão do STF que permitiria que os EUA interrogassem delatores da Petrobrás no Brasil.

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