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Crise no RS: G20 se mobiliza em resposta a eventos climáticos extremos

G20 tem buscado discutir como aliar o crescimento econômico dos países-membros às ações para a prevenção, mitigação e adaptação às crises

Foto: Ricardo StuckertPorto Alegre, capital do Rio Grande Sul, inundada após dias de tempestades devastadoras
Porto Alegre, capital do Rio Grande Sul, inundada após dias de tempestades devastadoras

Frente aos eventos climáticos extremos, que atingem de forma mais profunda as nações em desenvolvimento, o G20 tem buscado discutir como aliar o crescimento econômico dos países-membros às ações para a prevenção, mitigação e adaptação às crises. O estado brasileiro do Rio Grande do Sul enfrenta chuvas atípicas e inundações com impactos em 345 dos 496 municípios do estado. Até esta segunda-feira (06), pelo menos 850 mil pessoas foram afetadas, de acordo com estimativa da Defesa Civil brasileira. 

Recentemente, o Canadá, a Rússia, Austrália, Argentina, Alemanha, França, Inglaterra, e países da África Oriental, como Somália, Ruanda e Tanzânia, foram afetados por inundações provocadas por condições meteorológicas extremas, possivelmente associadas ao fenômeno El Niño. Especialistas explicam que o fenômeno aquece os oceanos, aumentando a condensação e, consequentemente, as chuvas e o nível do mar, fazendo com que os rios transbordem. A expectativa é que as tempestades se tornarão cada vez mais frequentes e intensas. 

G20 contra a mudança do clima

Seguindo a lógica de liderar pelo exemplo, a presidência brasileira do G20 colocou entre as prioridades intensificar os investimentos para prevenção, adaptação e mitigação à crise climática no mundo, tendo o combate às desigualdades como central. Além da Força Tarefa Contra a Mudança do Clima, os grupos de trabalho sobre Risco de Desastres, Sustentabilidade Ambiental e Climática, Infraestrutura e Desenvolvimento, discutem medidas para que os países-membros encontrem saídas para reduzir os riscos e transformar riqueza em ações pela proteção do meio ambiente e do clima. 

Os países do G20 detêm 80% do PIB mundial e cerca de 80% das emissões mundiais de gases poluentes. De acordo com  André Aranha Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, as consequências do aumento da temperatura são negativas para todo o planeta e, em especial no Brasil, com efeito brutal nos ciclos naturais de chuva.

Por isso, o  esforço da presidência do G20 é discutir o que de fato pode contribuir para alcançar a meta de não exceder o aumento da temperatura média do planeta em 1.5ºC, como estabelecido pelo Acordo de Paris e reiterado pela COP28 em Dubai. “Há um esforço dentro do G20 para coordenar os diferentes ministérios (no Brasil e exterior) e ter uma postura coerente sobre as ameaças e as oportunidades que os efeitos das mudanças climáticas representam”, destaca o embaixador Corrêa do Lago. 

“A gente fez questão de trazer o financiamento para o debate de adaptação já que sobre mitigação está muito mais avançado. É reconhecer que a adaptação já é realidade no dia a dia das pessoas e dos países, nos orçamentos nacionais e no financiamento externo. O G20 tem essa liderança de pensar como é que a gente vai avançar, especificamente no termo de financiamento para adaptação e novos instrumentos com foco em oceanos", indicou Ana Toni, secretária Nacional de Mudanças do Clima do MMA. 

A secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e coordenadora da Trilha de Finanças, Tatiana Rosito, defende que os esforços para enfrentar a situação necessitam de reajustar o sistema financeiro internacional para mobilização de recursos financeiros públicos e privados, sobretudo, em países em desenvolvimento. “Isto significa repensar o papel do  Estado, dos diferentes países no chamado à ação de combate às mudanças climáticas e também debater como fazer frente ao chamado para ação em termos de mobilização de recursos financeiros”, afirmou.

Para Marcelo Aragão, chefe adjunto do Departamento de Assuntos Internacionais do Banco Central do Brasil, os efeitos da mudança climática são percebidos como um elemento de risco adicional para a economia e bancos centrais do G20 entenderam, há uma década, que o sistema financeiro é um instrumento de redução desse risco. “É importante ponderar onde investir e como priorizar os recursos que já são insuficientes. A gente vem trabalhando em parceria, interna e externa, nessa rede de relacionamento que é o G20 tentando encontrar soluções e um meio de mobilizar esforços no objetivo comum de atenuar os efeitos da mudança climática”, disse. 

Clima e desigualdades

Para Guilherme Simões, Secretário das Periferias do Ministério das Cidades, que é impossível enfrentar a emergência climática no mundo sem enfrentar as desigualdades socioeconômicas e suas causas. Por isso, o tema é central nos debates sobre redução de desastres.

“A  gente colocou como primeira prioridade da presidência brasileira do G20 o combate às desigualdades e a redução das vulnerabilidades. Nós entendemos no Brasil que as pessoas que vivem e têm o potencial sofrimento ou perda por conta de desastres, elas vivem, em geral, como regra em áreas vulneráveis, nas periferias urbanas, favelas, lugares precários, com pouca ou nenhuma infraestrutura. O mundo acolhe a nossa prioridade de maneira bastante calorosa”, afirmou Simões.

Com informações do G20

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