Política

Congresso em Foco: 36 vereadores assassinados no Brasil em dois anos

Congresso em Foco: 36 vereadores assassinados no Brasil em dois anos

  • domingo, 25 de março de 2018

"Quantos mais vão precisar morrer antes que essa guerra acabe?”
Esse foi um dos questionamentos mais levantados durante as diversas manifestações realizadas em todo o país, nesta quinta-feira (15), em resposta ao assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (Psol) e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, na noite da véspera. O caso, que vem sendo apontado como execução, causou comoção não só no Brasil, mas também no exterior – até membros do parlamento europeu, em reunião formal, manifestou solidariedade à brasileira e seu companheiro de trabalho. Mas o caso de Marielle está longe de ser exceção em um país refém do crime organizado.
Um levantamento feito pelo Congresso em Foco, com base apenas em dados tornados públicos entre janeiro de 2016 e este já fatídico 15 de março, revela que pelo menos 36 vereadores foram executados no exercício do mandato, dois deles suplentes. O Ceará lidera o ranking dos estados que mais tiveram vereadores assassinados: sete parlamentares. Em seguida estão o Maranhão e o Pará, onde quatro vereadores foram assassinados em cada um dos estados (veja detalhamento abaixo, estado por estado).
Os crimes foram cometidos de diversas maneiras e englobam 17 estados nas cinco regiões do Brasil. A maioria foi praticada por disparos de arma de fogo, caso de Marielle Franco. O obituário seria muito maior se fossem incluídos na conta todos os ex-vereadores, candidatos a vereadores ou parentes de vereador executados por motivos políticos.
De janeiro a setembro do ano passado, foram pelo menos 62 mortes de ativistas em Direitos Humanos no Brasil, de acordo com dados Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos.Em maio de 2017, o Brasil chegou a ser citado pelo alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Ra"ad Al Hussein, como um país cujo nível alarmante de violência contra esses atores preocupa as Nações Unidas. Por conta disso, a Anistia, junto a outras organizações de direitos humanos nacionais e internacionais, lideradas pela Front Line Defenders, criou o HDR Memorial. O site compila casos de ativistas assassinados desde 1998, frisando que, em muitos casos, ninguém foi condenado ou mesmo acusado pelas mortes.
Segue lista do Portal Vice de dez casos de líderes comunitários, ativistas ambientais e defensores da causa indígena, entre outros, que foram mortos no Brasil desde o começo da década.
Vilmar Bordin e Leomar Bhorback
Membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a dupla foi morta depois de um confronto com a polícia militar em Quedas do Iguaçu, no noroeste do Paraná, em abril de 2016. Tanto PM quanto os Sem Terra diz terem sido vítimas de uma emboscada. – Folha de S. Paulo
Luiz Antônio Bonfim
Aos 45 anos, o presidente do PCdoB e ativista pela reforma agrária foi assassinado em fevereiro de 2016, enquanto estava à frente de uma ocupação de sem terra em São Domingos do Araguaia, no Pará. – G1Jaison
Caique Sampaio
Morto em meio a uma disputa de terras entre uma comunidade indígena local e a empresa multinacional Trindade Desenvolvimento Territorial (TDT), Jaison foi assassinado a tiros por dois policiais militares em 2 de junho de 2016. – HRD
Luiz Carlos da Silva e Cleidiane Alves Teodoro
Luiz Carlos da Silva e Cleidiane Alves Teodoro eram lideranças de um acampamento da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), em Monte Negro, Rondônia. O casal foi encontrado morto no rio Candeira no dia 22 de maio de 2016, com tiros na cabeça e cortes no abdômen. – HRD
Paulo Sérgio Almeida Nascimento
Um dos líderes da Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama), que denunciava crimes ambientais em Barcarena (PA), foi assassinado a tiros na segunda-feira (12). Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado, um pedido de proteção chegou a ser feito pelos representantes da associação, mas foi negado. – G1
Nilce de Souza Magalhães
"Nicinha", como era conhecida, era pescadora e ativista do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Depois de desaparecida por cinco meses, seu corpo foi encontrado em 23 de junho de 2016 no lago da usina de Jirau (RO), com as mãos e braços amarrados a pedras pesadas. Nilce era filha de seringueiros e denunciava irregularidades na atividade pesqueira e construções de hidrelétricas no Rio Madeira. – Folha de S. Paulo
José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo
Considerados "sucessores de Chico Mendes", o casal de extrativistas deixava o Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) da Praia Alta Piranheira (próximo ao município de Nova Ipixuna) quando foram cercados por pistoleiros e executados em maio de 2011. – iG
José Conceição Pereira
Líder comunitário no Maranhão, José foi morto no bairro de Coroadinho, na capital do estado, com um tiro na nuca. Foi a quarta de uma série de mortes de líderes comunitários no estado no fim de 2016/começo de 2015: Antônio Isídio Pereira da Silva, Ivanildo da Silva Coutinho e Ana Cláudio Barros também foram assassinados. – G1
João Natalício Xukuru-Kariri
Seu João, como era conhecido, era líder indígena no Alagoas e defendia o direito de seu povo às suas terras ancestrais. Em 11 de outubro de 2016, foi atacado à frente de sua casa por dois homens com armas de fogo e facas. – HRD
Luís Cesar Santiago da Silva
Assassinado a tiros em abril de 2017, Luís era líder sindical e concorreu a vereador do município de Brejo Santo nas eleições de 2016. – G1
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