Pensar Piauí

Código do silêncio

O futebol está em silêncio constante e não são pelas morte, mas, sim, por omissão

Foto: Esporte FeraCasagrande
Casagrande

Por Casagrande, comentarista esportivo, no GE

O Brasil sendo destruído pelo pior líder mundial, o pior presidente da história do país e sem dúvida o pior cidadão brasileiro existente nesse planeta. Estamos próximos de chegar à horrível marca de 3.000 mortes a cada 24h.

Um número absurdo de novos contaminados. E o “mito” diz para parar com o “mimimi" e com a "choradeira”, um afronto à luta pela vida e pela dignidade de um povo sofredor, mas que tem muita alegria, empatia, amor dentro do coração.

Todas as classes estão se posicionado, falando, mostrando que estamos indo para a destruição completa do país através de um clã perverso, sem alma. Vejo a classe artística, o cinema, a música, todos gritando. Claro, que os profissionais da saúde mais do que ninguém estão mostrando o descaso e o terror dentro dos hospitais. Mas e no futebol? Ninguém mesmo vai falar? Nem para concordar com o que está acontecendo?

Numa democracia, você pode se posicionar como quiser desde que não seja com mentiras, enganações, fake news e tudo que seja desinformação. Parece que existe um código do silêncio no meio do futebol. Uma das raras exceções é Richarlison, do Everton.

Ignorem as quase 3 mil mortes por dia, finjam que os hospitais estão tranquilos, que a economia está no melhor momento, que as ações da Petrobras estão em alta, que todas as grandes multinacionais estão brigando para investirem no Brasil e que nós, brasileiros, somos bem-vindos em todos os países e que eles nos recebem sorrindo e de braços abertos. Os campeonatos devem continuar. As pessoas estão morrendo mesmo, mas como elas não podem ir ao estádio isso não tem problema, não é mesmo?

Somos uma minoria extrema, pelo que vejo. Não estou falando de jornalista esportivos. Quando esse inferno acabar, aí vão aparecer centenas falando que sempre acreditaram no Brasil e tudo mais. Eu tenho a minha história dentro de uma luta política desde os 15 anos, quando participei das manifestações pela anistia geral e irrestrita para os presos e exilados políticos.

Depois veio a luta direta pela democratização do país e, claro, o movimento das Diretas Já. Fomos derrotados, mas o povo mostrou sua força. As pessoas gostem ou não, mas essa história continua sendo escrita.

Nos anos de 1980, durante a Democracia Corinthiana, tive a companhia do Magrão, Wladimir, Adilson Monteiro Alves e da grande parte daquele elenco. Nos dias de hoje, minha companhia nessa luta chama-se Neto, que, do modo dele, se posiciona contra praticamente todos os dias esse movimento negacionista. Batia falta como ninguém e agora dispara seus chutes poderosos para derrubar essa estrutura genocida. Não fazemos parte desse código do silêncio.

O futebol não faz um minuto de silêncio. Ele está em silêncio constante e não são pelas morte, mas, sim, por omissão.

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