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Censura ao Lolla: Em 4 anos, bolsonarismo foi do desprezo ao medo de Pabllo

Bolsonarismo temem um impacto positivo para o petista

Foto: ReproduçãoPabllo Vittar levanta bandeira de Lula e grita 'Fora, Bolsonaro' em show no Lollapalooza
Pabllo Vittar levanta bandeira de Lula e grita "Fora, Bolsonaro" em show no Lollapalooza


Por Leonardo Sakamoto, jornalista, no Facebook 

O mundo não gira, capota. Neste final de semana, a campanha de Jair Bolsonaro convenceu o Tribunal Superior Eleitoral a censurar o Lollapalooza após a cantora Pabllo Vittar simplesmente agitar uma bandeira vermelha com o rosto de Lula em seu show. Temiam um impacto positivo para o petista.

Na noite desta segunda (28), o ministro do TSE Raul Araújo, que havia topado a bizarrice, voltou atrás na própria decisão, criticando a campanha de Bolsonaro. O presidente diz que não sabia do caso, o que é difícil de acreditar. O mais provável é que tenha ficado preocupado com a pecha de censor de balada e terceirizado a culpa.

Mas, em 2018, durante a campanha eleitoral, a imagem de Pabllo foi usada por bolsonaristas em fake news para vender a ideia de que a cantora seria a vice da chapa petista à Presidência da República. Naquele momento, Lula estava preso por conta da sentença dada pelo futuro ministro da Justiça de Bolsonaro, Sergio Moro. Apostavam em um impacto negativo para o petista.

Na época, o material contava com a transfobia ignóbil de uma parte da população para tentar depreciar o concorrente, omitindo também que Fernando Haddad era o real vice de Lula. O ex-prefeito assumiu a cabeça da chapa com a confirmação de que o líder petista não concorreria, e sua vice foi Manuela d'Ávila.

Ou seja, num prazo de quatro anos, o bolsonarismo passou do desprezo com Pabllo Vitar, usando sua imagem para tentar gerar antipatia contra o adversário, para medo da cantora, tentando censurar sua imagem para evitar que gere simpatia com o adversário.

Ela, que começou sua carreira em 2016 e lançou em janeiro de 2017 o seu álbum de estreia ("Vai Passar Mal"), já era conhecida em 2018. Mas, hoje, tem milhões de fãs dentro e fora do Brasil. Seu Instagram conta com 12,5 milhões de seguidores, seu TikTok tem 7,8 milhões, o canal no YouTube, 7,65 milhões, seu Twitter, mais 3 milhões, Facebook, 2,2 milhões.

O vídeo oficial de "K.O" tem 388,9 milhões de visualizações e "Amor de Que" tem, 145,3 milhões, só para citar duas músicas. Influencia milhões.

O ódio de ultraconservadores à diferença explica-se, em parte, pelo medo que eles têm do que não conhecem bem - sentimentos que foram, aliás, sistematicamente renovados pelas declarações preconceituosas do "mito" ao longo de sua carreira política.

Por mais que essa discussão tenha surgido por conta de um triste episódio de tentativa de censura, é extremamente salutar que o bolsonarismo agora demonstre medo de Pabllo, seja pela admiração de milhões, seja por sua capacidade de comunicação. Já passou mesmo da hora do preconceito sentir medo.

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