Política

Cadê as bandeiras e o vermelho do PT ?

Regina Sousa e Eleusa Dias não abrem mão da bandeira e da cor petista


Foto: Nassar JadãoRegina Sousa
Regina Sousa

Criado em 1980 o PT construiu alguns simbolos ao longo de todos estes anos. A estrelinha que estampa camisas e vestidos da militancia por todo o Brasil é a principal marca. No campo dos governos a implementação de políticas públicas.  O PT trouxe para o Brasil e o mundo a figura única de Luis Inácio Lula da Silva - um líder mundial. Suas bandeiras, nos braços e ombros dos petistas é outra grande marca. 

Mas é o vermelho que identifica significamente o Partido. 

Corre nos grupos de whatsapp e rodas de petistas, que há uma tentativa de substituir o vermelho do Partido pelo branco - outra cor originária do PT. De maneira mais forte isso aconteceu no segundo turno da eleição presidencial quando a apoiadora Simone Tebet pediu mais branco que vermelho numa manifestação política no Rio de Janeiro.

No Piauí, o então candidato Rafael Fonteles e, agora, governador, sempre teve a preferencia pelo branco chegando até mesmo a exibir sua incrivel coleção de camisas brancas.

Mas a militância resiste a esta proposta. Duas petistas icônicas do Piauí ostentavam, no encontro que aconteceu sexta-feira e sabado, as bandeiras e a cor vermelha: Regina Sousa e Eleusa Dias. Regina vestia azul mas sem deixar de ostentar sua bandeira do PT e explicou a cor da roupa: "sou mariana e no mês de maio visto azul e branco, mas nunca abrirei mão do vermelho do PT".

A esquerda e o vermelho

Adotado pelo PT como a principal cor, o vermelho, em diferentes tons, foi utilizado por partidos comunistas, socialistas, trabalhistas e sociais democratas em uma origem que remonta ao século 19.

O uso inicial do vermelho pela esquerda se deu quando a cor passou a estampar a bandeira do Partido Comunista — e por isso ainda é ligada à uma esquerda radical, embora já tenha sido incorporada por partidos socialistas e sociais-democratas.

Em 1789, no episódio que culminou na Revolução Francesa, a assembleia constituinte francesa colocou bandeiras vermelhas nos cruzamentos das ruas para mostrar que as manifestações públicas estavam proibidas.

Quebrando a regra, milhares de parisienses se reuniram para exigir a destituição do rei Luís 16, no Campo de Marte em 1791. O então prefeito de Paris, Bailly, ordenou que uma grande bandeira vermelha fosse colocada no alto para reiterar a ordem. Mas uma multidão tomou a praça e a polícia entrou em conflito com os manifestantes, matando mais de 50 pessoas.

Em seu livro Le petit livre des couleurs ("Pequeno livro das cores"), o historiador e antropólogo francês Michel Pastoureau afirma que a mesma bandeira vermelha que era usada para impedir que o povo francês se manifestasse, passou desde então a ser o emblema do povo oprimido e da revolução em marcha. Ele diz que isso é uma "surpreendente inversão simbológica".

"Temos vários outros episódios históricos, como Primavera do Povos [revolta contra regimes autocráticos em diferentes países europeus] e a Revolução Russa de 1917, onde a bandeira vermelha também foi usada como símbolo de luta", diz o professor de história contemporânea Lincoln Secco, que leciona na Universidade de São Paulo (USP).

"Mas com o passar dos anos, os partidos operários e sociais democratas que existem até hoje aderiram à bandeira vermelha."

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