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Butantan suspeita de ato político na suspensão de teste com coronovac

O diretor Dimas Covas disse que Butantan suspeita de ato político na suspensão de teste com coronovac

Foto: Poder360Dória e Bolsonaro
Dória e Bolsonaro

O diretor geral do Instituto Butantan em São Paulo, Dimas Covas, afirmou nesta segunda-feira (9) que recebeu com estranheza a notícia de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu temporariamente os testes em humanos da vacina chinesa Coronavac no Brasil. A interrupção aconteceu, segundo a Anvisa, por causa de um “evento adverso grave”, e foi anunciada também na noite desta segunda (9).

Segundo Dimas Covas, trata-se de “um óbito não relacionado à vacina” e, portanto, “não existe nenhum momento [ou motivo] para interrupção do estudo clínico” da vacina no Brasil.

“Em primeiro, a Anvisa foi notificada de um óbito, não de um efeito adverso. Isso é diferente. Nós até estranhamos um pouco essa decisão da Anvisa, porque é um óbito não relacionado à vacina. Ou seja, como são mais de 10 mil voluntários nesse momento, pode acontecer óbitos. Nesse momento, [o voluntário] pode ter um acidente de trânsito e morrer. Ou seja, é um óbito não relacionado à vacina. É o caso aqui. Ocorreu um óbito, que não tem relação com a vacina. Portanto, não existe nenhum momento [ou motivo] para interrupção do estudo clínico”, disse Dimas Covas na TV Cultura nesta segunda (9).

A Coronavac é uma das candidatas a vacina contra o coronavírus e é desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, em parceria com o Instituto Butantan em São Paulo. Com a interrupção do estudo, nenhum novo voluntário poderá ser vacinado.

O fato de a suspensão do teste clínico da vacina Coronavac não ter sido comunicada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ao Instituto Butantan gerou desconforto e estranheza no governo paulista.​ Aliados do governador João Doria (PSDB) questionaram a divulgação da informação por meio de nota, em horário nobre de noticiários de televisão, justamente nesta segunda (9).

Pela manhã, o tucano havia inaugurado as obras da fábrica de vacinas que produzirá em larga escala a Coronavac, caso tudo dê certo, no Brasil a partir de setembro do ano que vem. Doria também havia anunciado a chegada do primeiro lote do imunizante, 120 mil das 6 milhões de doses prontas importadas da China, para o dia 20 de novembro.

A divulgação levou a uma correria das autoridades de saúde estaduais para tentar descobrir do que se trata. Como se sabe, essas interrupções ocorrem quando qualquer envolvido no estudo clínico sofre um efeito adverso ou morre, seja ele um voluntário que tomou a vacina ou o seu placebo.

No caso, ocorreu a morte de um voluntário de 33 anos de São Paulo. 

Dono de um discurso negacionista da pandemia, o presidente tem no governador seu maior antípoda no manejo da crise. Enquanto Bolsonaro questiona a obrigatoriedade da vacinação e já repreendeu seu ministro da Saúde por considerar o uso do imunizante chinês, o tucano fez uma grande aposta na Coronavac.

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