Pensar Piauí

Bolsonarismo semeou armas no país para colher violência se perder as eleições

Um "Capitólio brasileiro" seria mais violento até porque o Exército do Tio Sam não entrou na brincadeira

Foto: UOLBolsonaro
Bolsonaro

 

Por Leonardo Sakamoto. jornalista, no facebook

Ministros do STF e do TSE vieram a público, nesta sexta (29), para se contrapor ao golpismo assanhado do presidente Jair Bolsonaro, que escalou seus ataques às urnas eletrônicas. Alexandre de Moraes, que chefiará a Justiça Eleitoral em outubro, garantiu que quem ganhar vai assumir, "não importa quem". Ou seja, se Lula vencer, governa.

A questão é que não é necessário um golpe eleitoral ser consumado para termos mortes de brasileiros. A mera tentativa já causaria uma onda de pancadaria e tiroteios. Se a eleição de 2018 já teve seus assassinados e agredidos como resultado de brigas entre eleitores, imagine o que incitará um governo que não quer largar o osso após ter passado os últimos três anos gastando mais tempo combatendo o sistema eleitoral do que a fome e a inflação?

Os artífices e participantes, convocados via Telegram e WhatsApp, não chamariam isso de golpe, claro, mas de "levantes populares contra a fraude e em nome da legalidade e da liberdade".

Basta um líder político que, insatisfeito com o resultado das urnas, invente que os tribunais superiores estão mancomunados com seu principal adversário e organize protestos massivos, convocando seus seguidores fanáticos às ruas, muitos dos quais armados até os dentes devido aos decretos que o tal líder emitiu liberando pistolas, rifles e munição, para que tenhamos um rebosteio de magnitude superior àquele de 6 de janeiro de 2021, quando Donald Trump provocou a invasão do Congresso dos Estados Unidos. Reportagem do UOL, deste sábado (30), mostra crescimento espantoso do arsenal privado no país.

Um "Capitólio brasileiro" seria mais violento até porque o Exército do Tio Sam não entrou na brincadeira. Pelo contrário, nos EUA, os militares avisaram que haveria transição pacífica de poder. Enquanto isso, no Brasil, há generais que celebram a guerra deflagrada com a Suprema Corte e fazem ameaças veladas sobre Lula.

E a aderência do bolsonarismo entre soldados, cabos, sargentos e subtenentes nos quarteis das polícias militares é significativa em todo o país, mais até do que nas Forças Armadas.

Uma parte da sociedade acredita no potencial revolucionário de declarações de repúdio da mesma forma que há outro que crê na indignação das bolhas de Twitter como o coração da transformação social. Jair Bolsonaro deve achar graça no fato que, enquanto ele bombardeia a democracia, há reclamações que precisam de um dicionário para serem integralmente compreendidas.

Se as instituições não emparedarem o comportamento criminoso de Bolsonaro agora, através de decisões judiciais que mostrem que ele não está acima da lei e deixando claro que seu apoio no Congresso Nacional depende dele voltar a agir "dentro das quatro linhas", no final do ano as declarações não serão de repúdio, mas de lamento.

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