Pensar Piauí

Banco do Brasil: na mira do grande sistema financeiro privado

O governo nega que vai privatizá-lo, mas como acreditar em Bolsonaro?

Foto: Google ImagensGoverno vai privatizar
Bolsonaro vai privatizar

Hoje o maior medo de grande parte dos funcionários do Banco do Brasil não é mais as metas de vendas inatingíveis, não é mais o assédio moral por parte de muitos administradores, não é mais a retaliação por questões diversas, não é mais fazer ou não greve por melhorias de salário e condições de trabalho. É, sim, a certeza da iminente privatização da empresa e consequente demissão de funcionários.

O Banco do Brasil tem mais de 210 anos e é, ao lado da Patrobrás e da Caixa Econômica Federal, a menina dos olhos dos "chicago boys" Novaes e Guedes, que se apossaram da direção da Estatal e do Ministério da Economia, respectivamente. Todos lembram de Guedes no início do governo tagarelando para os quatro cantos do mundo sobre o sonho do "R$ 1 trilhão" com privatizações. Aí ele acordou e, hoje, fala em R$ 300 bilhões. Nos cálculos deles as três estatais acima são "a senha" para isso.

O Banco do Brasil, assim como todos os demais bancos privados do país, vem dando lucros inéditos, ano após ano. O último resultado (2018) foi o melhor da história (superou os R$ 13 bilhões). O histórico de resultados positivos do BB bem como a sua importância para políticas sociais, já seriam motivos mais do que justos para sequer se falar em privatização se tivéssemos à frente da instituição e do comando do país "gente que entende de gente" ou o pensamento do "#Bompratodos".

A luz no fim do túnel, acredite se quiser, seria o nosso Congresso Nacional. Recente decisão do STF exige que para venda de Estatais Matrizes (e não subsidiárias) há necessidade de aprovação pelo legislativo federal. Ou seja, o funcionário do BB e a comunidade, principalmente aqueles que necessitam de subsídios do banco estatal, terão que contar com a benevolência de "desapegados" e "humildes" deputados e senadores como Aécio Neves (PSDB) e Ciro Nogueira (PP). Dá para sonhar?!

Recentemente lideranças políticas de diferentes partidos reafirmaram na Câmara e no Senado a defesa contra a privatização dos bancos públicos, que mais uma vez foi ventilada após matéria divulgada pelo O Globo de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e sua equipe se preparam para a privatização do Banco. Ouvidos pelo Congresso em Foco, o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), o líder do PSD na Câmara, André de Paula (PE), e o presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), os três acreditam que a proposta não passa no Congresso Nacional. 

Do Piauí, o deputado federal Assis Carvalho (PT-PI) observa que a proposta é parte da tentativa do governo de extrema direta de Jair Bolsonaro de queimar todo o patrimônio público nacional. "Os bancos públicos sempre estiveram na mira do grande sistema financeiro privado, porque regulam taxas e têm papel fundamental para a política social dos governos. Um governo que não tem política social também não tem qualquer interesse em bancos públicos", declara, observando que, se o povo brasileiro não se mobilizar, pode ver isso de fato acontecer.

O presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos, deputado José Carlos (PT-MA), pediu que antes de ser enviado um projeto ao Congresso o tema seja discutido por plebiscito. “Terá, como consequência imediata, o encarecimento dos alimentos e da moradia. O BB é o principal responsável pelos créditos concedidos no âmbito do PRONAF e agricultura familiar, que por sua vez, é a responsável por 70% dos alimentos consumidos por toda a população brasileira”, disse.

Sabemos que no atual governo, nada que é dito por seus integrantes dura mais do que o tempo de um palito de fósforo aceso. O que membros da administração pública federal dizem pela manhã já não vale à tarde. O presidente Jair Bolsonaro tem negado qualquer discussão sobre privatização do BB. Mas sua afirmação não tem crédito! Bolsonaro é um populista, falso liberal na economia, mas que depende de Guedes, pois não entende nada de economia (e de muitas outras áreas também). E está disposto a tudo para se manter interessante aos olhos dos verdadeiros donos do país, o mercado. Do contrário, ele cai.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS