Pensar Piauí

Atuação de Gustavo Neiva é oportunismo político

Ele é eleitor de Bolsonaro e nada disse da proposta de reforma da previdência do Planalto

Foto: Google ImagensUm oportunista da política
Um oportunista da política

Uma das vozes mais estridentes da oposição, na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Gustavo Neiva (PSB), atacou duramente o Executivo, por ocasião da tramitação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da reforma da previdência estadual. Eleitor do presidente Jair Bolsonaro, que enviou PEC ao Congresso Nacional, para reformar a previdência dos brasileiros, o deputado a apoiou, sem quaisquer ressalvas. Não se tem notícia de que teria se pronunciado, a favor ou contra, sobre o assunto, em momento algum.

Mas em relação à reforma previdenciária no Piauí, Gustavo Neiva chamou para si os holofotes, se colocando como um defensor ferrenho das aposentadorias e pensões dos servidores públicos estaduais. De que forma um político é capaz de se colocar a favor, em nível nacional – porque foi originada do governo Bolsonaro, a quem apóia –, e contra a mesma matéria – porque foi implementada pelo governo petista de Wellington Dias? Só pode ser uma resposta: oportunismo político. Seu comportamento legislativo, portanto, é contraditório.

Não que o parlamentar não tenha o direito de espernear, fazer oposição, criticar o Palácio de Karnak, mas o mínimo que se espera dele – e de todos – é coerência, artigo de luxo na política – em particular, no Piauí. Além disso, o papel responsável da oposição é sim criticar, fiscalizar e discordar, mas com responsabilidade, de maneira propositiva e não destrutiva. Neiva é um deputado que faz oposição pelo fígado, sempre à espera de uma oportunidade de se promover, ser o centro das atenções, às custas do eventual desgaste do governo.

Partido Socialista?

Com efeito, o deputado do PSB – partido que faz oposição ao governo Bolsonaro, no plano nacional – já perde credibilidade porque está, por conveniência, no partido errado. E, por uma questão de coerência, deveria deixá-lo, para migrar em direção a alguma sigla de sustentação do Palácio do Planalto. De fato, é completamente sem sentido alguém como Gustavo Neiva, um conservador, oligarca, de direita, representar o Partido Socialista Brasileiro, que, no Piauí, por sua fragilidade político-institucional, se transformou em sigla de aluguel.

O abrigo institucional do parlamentar, assim sendo, mereceria uma observação mais acurada e consequente intervenção por parte do respectivo Diretório Nacional do PSB, no que se refere à situação estadual da sigla, que sempre foi de esquerda, mas terminou nas mãos da direita no Piauí. Seria o caso de acionar a Comissão de Ética do partido, no sentido de examinar a postura de Gustavo Neiva, mais um personagem do tradicional nepotismo da política piauiense, já que é um dos “filhinhos” ou “netinhos” da Assembleia Legislativa.

Assim como tantos outros, ele ocupa um cargo público já exercido pelo pai ou avô, ou bisavô – e assim por diante –, mesmo sendo eleito pela população no contexto do sistema do voto proporcional, ora adotado pela justiça eleitoral. Trocando em miúdos, o deputado “herdou” o espólio eleitoral do pai, nos moldes do velho modelo patriarcal, oligárquico, coronelista, que caracterizou a história nordestina por décadas e décadas. E, em síntese, Gustavo Neiva não tem moral para posar de defensor dos direitos previdenciários dos servidores.

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