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Arcebispo Militar ordena que capelães não usem materiais da Campanha da Fraternidade

Campanha é criticada por conservadores por se colocar contra discursos de ódio dirigidos à população LGBT e citar assassinato de Marielle Franco

Foto: Exército BrasileiroArcebispo ordinário militar do Brasil, Dom Fernando Guimarães
Arcebispo ordinário militar do Brasil, Dom Fernando Guimarães

 

Em carta ao presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, o arcebispo ordinário militar do Brasil, Dom Fernando Guimarães, diz que os capelães – que são subordinados a ele – não usarão “quaisquer materiais produzidos oficialmente pela Campanha da Fraternidade deste ano”, cujo tema é “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”.

“O diálogo inter-religioso é necessário e oportuno somente quando, no respeito às diversas expressões da fé, é realizado em sedes competentes. A evangelização dos fiéis, entanto, em qualquer tempo e ainda em um tempo especial como é a quaresma católica, não é espaço para se dialogar sobre temas polêmicos e contrários à autêntica doutrina da nossa igreja”, diz a carta, que foi divulgada pelo Clube Militar do Rio de Janeiro: “Na verdadeira fé cristã não cabe campanhas ideologizadas”.

No documento, Dom Fernando Guimarães comunica a CNBB que o ordinário militar do Brasil seguirá apenas “as orientações teológico-litúrgicas próprias do tempo quaresmal e não serão utilizados quaisquer dos materiais produzidos oficialmente para a Campanha da Fraternidade deste ano”.

“Nossos capelães militares estão sendo orientados, caso desejem abordar o tema da mesma, a utilizar unicamente a Fratelli tutti, do papa Francisco”, diz o texto.

Leia o documento na íntegra

Polêmica

O lançamento da nova ação da Campanha da Fraternidade está marcado para esta Quarta-Feira de Cinzas (17) e, desde o seu anúncio tem gerado reações dos setores mais conversadores da religião católica, que enxergam nos materiais de divulgação produzidos pelo conselho ecumênico, com a anuência da Conferência Nacional dos Bispos (CNBB), “muita militância e pouca religiosidade”.

O trecho que tem gerado a revolta dos mais conservadores é onde a campanha se coloca contra os atos de ódio dirigidos à população LGBTQI+. Outro ponto que gerou discórdia é a citação do assassinato da vereadora Marielle Franco.

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