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Antes de sair, Bolsonaro mergulha Brasil em novo ciclo de mortes evitáveis por covid-19

País tem aumento do 80% nos casos e mortes pela covid-19

Foto: DivulgaçãoBolsonaro coronavírus
Bolsonaro coronavírus

 

RBA - O Brasil fechou a 50ª semana epidemiológica (SE), – que leva em conta os óbitos registrados entre os dias 11 e 17 de dezembro –,  com 1.116 vidas perdidas para o coronavírus. É o maior número semanal de mortes pela covid-19 dos últimos quatros meses. Os números superam os da 34ª SE, de 21 a 27 de agosto, que teve 970 vítimas. Para piorar, as autoridades sanitárias avaliam uma tendência de alta de infecções e mortes no país.

Neste domingo (19), dia de baixo envio de dados, o Brasil registrou 20 óbitos provocados pela covid-19 nas últimas 24 horas. De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), a média móvel de mortes está em 162 por dia em duas semanas. Uma alta de 79% em relação ao verificado há 14 dias. Desde o início da pandemia, em março de 2020, o país acumula 691.883 vidas perdidas.

Os casos de infecção pelo coronavírus também batem recorde no país. Apenas ontem, mais 9.868 pessoas testaram positivo para a doença. A média é 48.258 contágio ao dia, um aumento de 80% em relação às duas últimas semanas. Ao todo, 35.901.978 infecções se confirmaram.

O novo recorde de mortes e casos coloca o país em alerta e impõe novos desafios para o próximo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de acordo com o epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Jesem Orellana. Para o especialista, o futuro Ministério da Saúde precisa ser “fortemente alinhado com uma gestão responsável, técnica, em estreito diálogo com a ciência e com as principais necessidades dos usuários, trabalhadores e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS)”.

Desafios para o futuro governo

A avaliação é que o governo “sainte” de Jair Bolsonaro (PL), repete neste final de gestão erros cometidos desde o início da pandemia.

“O governo Bolsonaro se despede mergulhando os brasileiros em novo ciclo de infecções e mortes evitáveis, em plena turbulência do comércio, de mais aglomerações da Copa do Mundo de Futebol e na véspera dos festejos de fim de ano (confraternizações diversas, natal e ano novo)”, contesta Orellana.

A vacinação contra a covid-19 também é um desafio. Dados divulgados na sexta (16) pelo Ministério da Saúde indicam que apenas 49,78% da população total tomou a dose de reforço contra a doença do novo coronavírus. No geral, 80,24% receberam duas doses ou dose única. A maioria – 84,91% – foi parcialmente imunizadas com apenas uma das doses necessárias. Entre as crianças de 3 a 11 anos, somente 37,41% estão totalmente imunizadas.

“É inaceitável ver o Ministério da Saúde ser tratado como um balcão de negócios político-partidário, em cenário de grave crise sanitária, bem como de subfinanciamento e desastrosa gestão do SUS, como a do Programa Nacional de Imunizações (PNI). É imperativo não apenas a exemplar punição dos responsáveis pelos cerca de 700 mil mortos por Covid-19 no Brasil, como também a reconstrução da imagem do desacreditado Ministério da Saúde, em particular da figura do Ministro de Estado da Saúde, vilipendiada por astutos, desqualificados e irresponsáveis personagens nos últimos anos”, frisou o epidemiologista da Fiocruz. 

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