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Alepi realiza sessão solene sobre luta contra a Ditadura Militar

A solenidade foi uma proposição do deputado Ziza Carvalho (MDB) e teve aprovação de todos os deputados da Casa.

Foto: Reprodução/Thiago Amaral/AlepiSessão solene sobre os 60 anos do Golpe Militar
Sessão solene sobre os 60 anos do Golpe Militar

A Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) realizou, nesta segunda-feira (1), uma sessão solene para relembrar as vítimas e os crimes cometidos pela Ditadura Militar iniciada com o Golpe de 1º de abril de 1964. 

A solenidade foi uma proposição do deputado Ziza Carvalho (MDB) e teve aprovação de todos os deputados da Casa. 

O parlamentar descreve o Golpe como um momento da história brasileira “que prendeu, cassou, matou e baniu milhares de patriotas e infelicitou a vida do nosso povo durante 21 anos”.

De acordo com Ziza Carvalho, o momento foi para homenagear todos que lutaram contra o golpe e contra a Ditadura. “Que não seja apagado da memória esse momento sombrio vivido pelo país, para que a valorização da democracia seja cada vez maior”.

ReproduçãoSessão solene sobre os 60 anos do Golpe Militar
Sessão solene sobre os 60 anos do Golpe Militar

Homenagens e falas 

Além de homenagear piauienses que lutaram contra o regime antidemocrático, as falas da solenidade destacaram que a impunidade aos responsáveis pela implantação e gestão do regime geram consequências até os dias de hoje.

“O Brasil sempre passou a mão na cabeça dos golpistas. Por isso que a história brasileira é recheada de golpes ou tentativas de golpes e, agora, estamos às vistas novamente de uma tentativa de anistia dos indiciados e acusados do ato de 8 de janeiro após as eleições. É um absurdo passar, mais uma vez, a mão na cabeça desses delinquentes que não sabem se comportar e viver de uma forma democrática, respeitando a democracia, as instituições, as urnas e a soberania popular”, afirmou o deputado Ziza Carvalho (MDB), durante sua fala.

Foto: Reprodução/Thiago Amaral/AlepiSessão solene sobre os 60 anos do Golpe Militar
Sessão solene sobre os 60 anos do Golpe Militar

O coordenador do Comitê Memória, Verdade e Justiça de Teresina, Pedro Laurentino, reforçou a influência que os anos de Ditadura Militar continuam tendo na sociedade brasileira: “Nós estamos discutindo o presente. Só existiu a tentativa de golpe em janeiro de 2023 porque houve impunidade aos golpistas de 64. São duas coisas que se relacionam. Eu tenho muito orgulho de fazer parte da reação que derrotou a ditadura, mas ela não foi suficientemente enterrada. Ainda hoje, nesse país, a tortura é utilizada nas delegacias de polícia como instrumento para arrancar confissões de presos. Existem centenas de corpos que nunca foram localizados”.

Pedro Laurentino ainda criticou o fato de os dois poderes legislativos sediados em Teresina, Alepi e Câmara de Vereadores da capital, estarem localizados em uma avenida que recebe o nome de um presidente ditador. Para ele é uma contradição por conta de o Golpe ter cassado o mandato de parlamentares eleitos democraticamente pelo voto dos piauienses.

Foto: Reprodução/Thiago Amaral/AlepiSessão solene sobre os 60 anos do Golpe Militar
Sessão solene sobre os 60 anos do Golpe Militar

Ziza Carvalho e o presidente da Alepi, deputado Franzé Silva (PT), relembraram que, a lei 7.248/19, iniciativa do petista aprovada na Alepi, proíbe homenagens a pessoas que constem no Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade como violadores dos direitos humanos ou que fossem agentes públicos ocupantes de cargos. Eles informaram, no entanto, que a mudança do nome da Avenida Marechal Castelo Branco é uma iniciativa que só pode ser feita pelo município de Teresina.

Foto: Reprodução/Thiago Amaral/AlepiSessão solene sobre os 60 anos do Golpe Militar
Sessão solene sobre os 60 anos do Golpe Militar

Outra questão relembrada durante a solenidade foi a participação dos Estados Unidos e de alguns representantes da sociedade civil no golpe. O advogado Reginaldo Furtado afirmou que tem documentação demonstrando que um político piauiense da época recebeu recursos dos norte-americanos.

Outro homenageado da solenidade, o sociólogo pernambucano Edvaldo Cajá, lembrou que os militares, além das violações de direitos humanos, também deixaram um legado trágico na economia. Ele citou a rodovia Transamazônica, nunca finalizada, e a enorme dívida externa como exemplos. Vítima da ditadura que foi diversas vezes preso, ele acrescentou que os números oficiais de mortos estão muito abaixo da realidade, e que é preciso acrescentar a eles os indígenas e líderes camponeses que nunca foram registrados e que são mais de 10 mil vítimas.

Foto: Reprodução/Thiago Amaral/AlepiSessão solene sobre os 60 anos do Golpe Militar
Sessão solene sobre os 60 anos do Golpe Militar

A coordenadora do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Piauí, Thays Dias, representou a classe estudantil na solenidade e destacou que essa foi uma das primeiras e mais violentadas durante o período militar. Ela disse que vê reflexos até os dias de hoje na criminalização dos movimentos sociais.

Estiveram presentes também na solenidade representando o Partido dos Trabalhadores, o vice-presidente do PT Piauí, Maurício Solano, a secretária de Relações Sociais do Estado, Núbia Lopes, representantes de movimentos sociais, políticos, autoridades e a sociedade civil. 

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