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ABSURDO: Padre diz que "a salvação para nossas vidas não está nas vacinas"

Após esta declaração, idosos se recusam a tomar vacina

Foto: hcnoticiaspadre Claudemir Serafim
Padre Claudemir Serafim

A fala de um padre de Pedras Grandes feita durante seu sermão na missa dominical está causando polêmica na região. No último dia 24 de janeiro, o padre Claudemir Serafim, pároco na paróquia São Miguel Arcanjo, comentou que há problemas morais em relação à vacina e que está comprovado que o imunizante é feito com fetos abortados.

A afirmação causou polêmica, e segundo moradores, alguns idosos que frequentam as missas se recusaram a tomar a vacina após a informação repassada na igreja. Um vídeo com o trecho do sermão está sendo divulgado nas redes sociais. “O vírus não é católico porque odeia nosso Senhor e tem fechado as igrejas e a salvação para a nossa vida, nossa alma, não está na vacina. Há vários problemas morais em relação à própria vacina, que está comprovado que é feita com fetos abortados. Dos milhões de abortos muito mais elevados do que as mortes por coronavírus no mundo deste pobres seres humanos jogados nas lixeiras dos hospitais, fizeram vacinas”, diz o padre.


O que diz o padre

A reportagem entrou em contato com o padre Claudemir Serafim para saber sua opinião sobre a procedência da vacina. Ele explica que há uma nota da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, aprovada pelo papa Francisco, que reconhece que há vacinas feitas com linhas celulares de fetos abortados na década de 60. Mesmo aprovando a vacina, diante de um mal maior que é a epidemia da covid-19, a nota sugere que os laboratórios farmacêuticos procurem criar vacinas moralmente aceitáveis e que não cause problemas de consciência às pessoas. “Ou seja, há possibilidade de se criar, mesmo que isso demore um pouco mais, vacinas que não contenham células de seres humanos mortos no ventre de suas mães. O documento também entende que o uso da vacina não seja obrigatório, embora sugira que as pessoas continuem a se utilizar dos meios profiláticos”, destaca.

O padre explica que segundos depois da fala que aparece no vídeo ele diz que "não deseja influenciar negativamente em relação ao uso da vacina, mas que é preciso dizer que inclusive os laboratórios não assumem a responsabilidade pelos efeitos colaterais da vacina".

Segundo o religioso, as pessoas são livres para tomarem as suas decisões, desde o uso de máscaras, e de outros meios profiláticos. Porém, ao ser questionado se tomaria a vacina contra a covid-19, ele afirma: “enquanto não me for obrigatória, não farei uso dela”.

O Vaticano afirmou que considera “moralmente aceitável” o uso de vacinas contra a Covid-19. O anúncio foi feito no final de dezembro do ano passado, depois que alguns ativistas contra o aborto criticaram os imunizantes por eles terem sido feitos “a partir de fetos abortados”. A informação não é exatamente precisa. Na verdade, os cientistas cultivam ao longo de anos uma linhagem de células que são derivadas do tecido do rim de um embrião abortado em 1972 e da retina de outro feto abortado em 1985. Essas linhagens de células — e não as células dos embriões diretamente — foram usadas durante o desenvolvimento de muitas outras vacinas, cujo uso a Igreja Católica não considera “uma legitimação, mesmo indireta, da prática do aborto”. Além disso, nem todos os imunizantes que protegem contra o novo coronavírus utilizam linhagens de células derivadas dos embriões: a que foi desenvolvida pela Pfizer em parceria com a BioNTech, por exemplo, não fez uso desse recurso.

Em nota publicada no Vatican News, a sede da Igreja Católica afirmou que, no caso da atual pandemia, “podem ser usadas todas as vacinas reconhecidas como clinicamente seguras e eficazes com a consciência certa de que o uso de tais vacinas não significa cooperação formal com o aborto do qual derivam as células com as quais as vacinas foram produzidas”. Além disso, a entidade reiterou que é “moralmente aceitável o uso de vacinas anti-Covid-19 que tenham usado linhas celulares de fetos abortados no seu processo de pesquisa e produção”. Ainda assim, o Vaticano pediu que a indústria farmacêutica desenvolva vacinas totalmente éticas.

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