A fusão do PT e PCdoB seria interessante para a esquerda?
Na esquerda, possivelmente apenas o PT e o PSOL sobreviverão à cláusula de barreira
O jornalista Breno Altman vem fazendo sugestivas postagens em seu Facebook que merecem reflexão. Através delas, ele tem sugerido uma eventual fusão de dois tradicionais partidos brasileiros: PT e PCdoB.
Breno diz que é isso ou a aprovação de lei que crie o instrumento da federação de partidos. Veja o pensamento do jornalista que também prega contra a tática da frente ampla:
PERGUNTAR NÃO OFENDE
O PCdoB luta com muitas dificuldades para alcançar a cláusula de barreira em 2022. Não seria a hora de se integrar ao PT como corrente interna? Os petistas, de quebra, além da incorporação desse valoroso partido, teriam quadros como Dino e Manuela para a estratégia presidencial.
DESASTRE FERROVIÁRIO
A cláusula de barreira, sem reforma partidária ou regulamentação de federações interpartidárias, provoca dano ideológico. O PCdoB, para sobreviver, teve que se fundir com o PPL, que apoiou o golpe de 2016 e faz do antipetismo seu principal estandarte.
PERGUNTAR CONTINUA NÃO OFENDENDO
Na esquerda, possivelmente apenas o PT e o PSOL sobreviverão à cláusula de barreira. Ou há federações de partidos ou pequenas legendas terão que se incorporar às maiores. Aliás, se o PPL golpista pode ser uma corrente do PCdoB, por que esse último não poderia ser uma tendência do PT?
VAMOS COMBINAR...
A melhor opção para a frente de esquerda seria a aprovação de uma lei de federações partidárias, criando blocos verticais que abrigassem distintas legendas. Sem isso, são inevitáveis fusões e incorporações dos pequenos partidos pelos maiores, como destacou Flávio Dino.
FAZENDO CONTAS
Seriam muitos os avanços com eventual incorporação do PCdoB ao PT. A CTB se somaria à CUT. A JPT, à UJS. O PT contaria com novos quadros, provados e qualificados, além de lideranças eleitorais como Dino e Manuela. E a dinâmica de esquerda ganharia forte impulso unitário.
NOTA DE RODAPÉ
A cláusula de barreira, em si, não é antidemocrática. Ao contrário: importante para impedir formação dos partidos de aluguel e fragmentação parlamentar. Mas precisa ser completada com o instituto das federações partidárias, para impedir que partidos ideológicos sejam ceifados.
O QUE SÃO FEDERAÇÕES PARTIDÁRIAS?
Federações partidárias são coalizões estáveis de partidos, por prazo mínimo determinado. Disputam vinculadamente todas as eleições (um partido da federação não pode, por exemplo, se aliar a outro de uma distinta federação, em determinada cidade ou estado). Essas federações tem eleições primárias internas para compor proporcionalmente suas direções e para escolher seus candidatos a qualquer cargo, executivo ou legislativo. E têm nome de inscrição: Frente ou Unidade Popular, por exemplo.
RETIFICAÇÃO
Peço desculpas se companheiros do PCdoB entenderam como desrespeito sugestão de incorporação ao PT. O correto seria falar de fusão. O fato é, como disse Flavio Dino, que a esquerda precisa tratar de reorganização partidária, sob risco de fragmentação e restrição de valorosos partidos.
UM PASSO ADIANTE
Com a oposição de direita transformada em puxadinho de Bolsonaro, a tática de frente ampla cheira a peixe podre. A única saída do país é pela esquerda. Com Lula inocentado e candidato a presidente, união da esquerda e programa de ruptura com o neoliberalismo.
PÁ DE CAL
Enfraquecida pela domesticação da oposição de direita, a tese da frente ampla precisa ser enterrada. A ilusão de um acordo com a direita neoliberal paralisa e divide a esquerda, tirando-lhe identidade e credibilidade. A tarefa imediata da esquerda é reconquistar protagonismo.
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