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"2022 é o último ano da pandemia", diz epidemiologista

Hallal explicou por que a variante ômicron não deve ser encarada como uma grande ameaça aos avanços da vacinação contra a doença

Foto: Agência SenadoPedro Hallal na CPI da Covid
Pedro Hallal 

O epidemiologista Pedro Hallal acredita que 2022 pode ser o último ano da pandemia de covid-19. Em entrevista ao UOL News, o pesquisador explicou por que a variante ômicron não deve ser encarada como uma grande ameaça aos avanços da vacinação contra a doença.

"Eu tenho dito e sustento essa posição, pelo menos por enquanto: 2022 é o último ano da pandemia", disse Hallal. "Embora todos nós pesquisadores, sabendo da responsabilidade das nossas opiniões, estejamos tendo cuidado para ver esse lado positivo da ômicron, a verdade é que ele existe", completou.

Segundo ele, existe a possibilidade de que a ômicron seja o primeiro passo para que a covid-19 se torne uma doença endêmica (comum) e não mais epidêmica ou pandêmica. "Estamos falando de uma contaminação muito rápida, sem gravidade tão grande e isso é uma característica que pode fazer com que essa doença passe a conviver entre nós assim como outras", apontou.

Hallal definiu que vive uma fase de "otimismo controlado" em relação ao futuro da pandemia. "Não é um otimismo total, não tenho segurança para cravar que a ômicron vai representar o final da pandemia, mas ela tem os seus pontos positivos e nós pesquisadores temos também que comentar sobre essa possibilidade dela ser mais boa notícia do que má", disse.

'Vacinação das crianças será um sucesso'

Crítico da gestão do governo federal no combate à covid-19, Pedro Hallal avaliou que a vacinação do público infantil será massiva, apesar das tentativas de boicote do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nesta semana, o Ministério da Saúde anunciou a imunização de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19, três semanas após a aprovação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A pasta prevê que a vacinação para essa faixa etária poderá começar no próximo dia 14.

"A vacinação de crianças já era para ter começado no Brasil. Esse atraso inaceitável coloca em risco a vida de muitas crianças e também de adultos e idosos, porque quanto menos gente vacinada mais circula o vírus", afirmou o epidemiologista.

"Mas a vacinação deve começar semana que vem e, mesmo com todas as tentativas de boicote, já posso garantir que a vacinação de crianças vai ser um sucesso no Brasil", disse.

Para o especialista, a atual geração de crianças que já se acostumou a tomar vacina ao longo da sua vida, portanto, não terá "problema nenhum de tomar também a vacina contra a covid-19."

Lockdown não é mais prioridade

Apesar de, no começo da pandemia, defender fervorosamente a implementação de lockdown no Brasil, o epidemiologista Pedro Hallal admite que, agora, esse momento já passou. Os esforços das autoridades, segundo ele, devem ser concentrados em outras medidas para conter a covid-19 no país.

"Estamos falando de uma variante [ômicron] que vai infectar muita gente muito rápido. Mas o outro lado da história também está se confirmando: ela é uma variante bem menos agressiva do que as versões anteriores, especialmente entre vacinados."

"Parece que é uma variante que vai infectar muita gente e claro que isso vai aumentar hospitalizações e óbitos, mas talvez não na proporção que observamos durante os primeiros meses do ano passado", acrescentou.

Por isso, Hallal ressaltou que o uso de máscaras e evitar grandes aglomerações seguem como ações válidas para conter o avanço da ômicron.

"Mas paramos por aí. Não precisamos voltar a restrições muito mais severas, como fechamento de comércio, por exemplo. Isso não parece ser prioridade nesse momento. A gente não está com o serviço de saúde explodindo ainda e uma das justificativas do lockdown é evitar que o sistema entre em colapso."

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