Manoel, o operário de Deus e padre dos “Manés” foi levado aos céus pela Covid 19

O genitor de minha família chamava-se João Manoel. Seus descendentes, então, são carinhosamente conhecidos como os “Manés”.
Raimundo “Mané” foi o primeiro dos filhos de João a escolher Teresina. Chegou aqui em 1976 e foi morar no bairro Primavera na casa do primo João Leal.
Daí conheceu outro Manoel, o padre.
Tornou-se um devoto de suas missas.
Namorador inveterado, Raimundo carregava consigo uma pecha: “esse aí nunca vai casar”.
Raimundo estabeleceu-se no ramo do comércio e construiu no bairro Vermelha uma residência.
Em 1990 Raimundo aprontou mais uma das suas e teve a cumplicidade do padre Manoel.
Marcou a inauguração da casa para um determinado sábado à noite, convidou meio mundo de gente e disse que o padre Manoel iria celebrar uma missa no local e benzer a casa.
Com a residência nova lotada de gente de Picos/Bocaina, Teresina e Manoel Emídio, o padre Manoel anuncia aos convidados: casara Raimundo e Elenildes há oito dias atrás.
Isto mesmo, oito dias antes, a Igreja da Santíssima Trindade na Primavera tinha recebido em casamento Raimundo e Elenildes. Só testemunharam o casamento João Leal e Quitéria, padrinhos, o cinegrafista que documentou o acontecido (para posterior comprovação) e o Padre Manoel que fez o casamento do casal.
Alguns anos depois quem procurou o Padre Manoel, foi o autor destas linhas. Precisava batizar Tarcísio Augusto que tinha nascido da minha união estável com Rosangela. Morrendo de medo de um provável sermão que poderia receber do Padre Manoel perguntei se ele aceitava batizar Tarcísio. Ele respondeu: “sou um pastor, minha função é trazer pessoas para o reino de Deus e o primeiro passo para isso é torná-las cristãs pelo batismo. Como me negar a trazer alguém para o Reino de Deus?” E Tarcísio foi batizado.
Do casamento “escondido” do Raimundo, ao batismo de Tarcísio, Padre Manoel esteve sempre presente na vida dos Manés. Em momentos tristes de morte celebrando missas e trazendo uma palavra de conforto a momentos alegres em que casou, batizou e celebrou outras alegrias desta numerosa família.
Esta família tem ainda outros padres como o Carlito, o Antônio Cruz, o Amarildo, mas sem dúvida alguma, o Padre Manoel é o padre dos “Manés”.
Além de aproximar nosso caminho de Deus, padre Manoel tornou-se um amigo.
E a pandemia do coronavírus fez de nosso amigo mais uma vítima.
A igreja católica de Teresina perde um grande nome entre os seus. Padre Manoel não era dos grandes salões e da hierarquia da Igreja. Suas paróquias sempre foram simples e humildes e ele saiu aí, por esta Teresina, a arrebatar ovelhas para o rebanho de Nosso Senhor Jesus Cristo. E o fez com maestria.
Tenho certeza que quando chegou ao céu, recebeu de Deus um abraço enorme e o reconhecimento:
- Bem vindo filho, sua tarefa, você cumpriu com louvor

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