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Jornalista

Sérgio Fontenele

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Isso aqui é um pouquinho de Brasil

Foto: Google ImagensIsso aqui é um pouquinho do Brasil
Isso aqui é um pouquinho do Brasil

Os números da mais recente edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), que trata de todas as fontes de rendimento, divulgada na quarta-feira (16-10), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), confirma o que quase todo mundo sabe e percebe. A brutal desigualdade social no Brasil, que é obscena, voltou a crescer de forma vigorosa em 2018. Com certeza, o fenômeno sociopolítico-econômico está se intensificando neste ano e deve continuar assim, num cenário mais pessimista.

Na verdade, esse retrocesso foi retomado desde 2015, primeiro ano do segundo mandato da então presidente Dilma Rousseff, que, além de ter cometido erros em sua política econômica, foi sabotada pelas forças conservadoras do País, até sofrer o impeachment, em 2016. Sendo substituída por seu vice, Michel Temer, que assumiu o poder com a missão de promover uma série de reformas que depreciaram direitos sociais e cortaram investimentos essenciais do governo, em todas as áreas, se aprofundou o abismo da desigualdade social.

Combinado a uma recessão econômica de gigantesca proporção, o aumento do desemprego, que atingiu a casa dos 13 milhões de trabalhadores, e a disseminação da informalidade, aonde foram lançadas 38,8 milhões de pessoas, segundo o próprio IBGE, o quadro não poderia resultar outro. Por qualquer medida que se use, os mais ricos no Brasil concentraram renda, enquanto os mais pobres sofreram com queda, na renda e nas condições de vida, delineando aí uma calamidade, convenientemente camuflada ou escamoteada pela mídia.

Sem censura

É o que comprova a nova Pnadc, através de dados estatísticos oficiais, portanto, fornecidos pelo próprio Governo Federal, cujo presidente Jair Bolsonaro ainda não foi capaz de censurar. Portanto, os dados estão aí, para o mundo analisar, e denunciam que em 2018 o rendimento dos mais ricos subiu 8,4%, enquanto os mais pobres perderam 3,2%. Isso, de imediato, leva a constatar que a profunda recessão na qual o País mergulhou penalizou apenas a grande maioria da população, que é a mais necessitada de políticas públicas.

Então, é a tempestade ou crueldade perfeita, à medida que os pobres ficam ainda mais pobres, portanto, mais necessitados de políticas públicas de saúde, educação, saneamento básico, transporte, infraestrutura, segurança pública, etc. Não mão inversa, de um governo alçado ao poder, por meio de uma gigantesca fraude eleitoral, o corte brutal de gastos e investimentos em todas essas áreas, sob o pretexto do tal ajuste para conter a crise fiscal do estado brasileiro. A cereja no bolo genocida é a reforma da previdência.

Fazem vista grossa as elites, predominantemente predatórias, autofágicas e antinacionais, responsáveis pelo golpe de estado, em 2016, e pela assunção bolsonarista, neofascista e corrupta, para lucrar mais e lançar a grande maioria da população, inclusive a classe média, na estrada do abandono. Só assim não percebem – ou fazem de conta não notar – que o topo da pirâmide está se apropriando de uma fatia maior da renda nacional. Os 10% mais ricos têm hoje mais do que 80% da população. Isso aqui é um pouquinho de Brasil.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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