Pensar Piauí

Qual o rumo do Brasil?

Qual o rumo do Brasil?

Sinceramente, é incerto. Constitucionalmente, ou seja, na letra fria da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, até que se pode manter a esperança pelo fato de ainda estarem insculpidos nela o Estado Democrático de Direito e o Estado Social.
No que tange à hermenêutica dos princípios constitucionais, vai-se mal, porque ultimamente o que se tem visto é a sua interpretação ao sabor dos interesses políticos do momento, imediatista, acordado em nome de uma coalisão do atraso sedenta pelo poder e que faz qualquer barganha para a sua contemplação.
Em termos institucionais está claro que ainda somos uma republiqueta latino-americana que na hora do vamos ver com quem fica o poder se nega os postulados básicos da democracia, como a representatividade popular e o respaldo do poder fora dos anseios da população.
No plano econômico, a classe política da representação tradicional se comporta na base do quanto pior melhor, para usar como subterfúgio a crise econômica que negligenciara por não aprovar - e assim postergar - as medidas saneadoras para a sua recuperação. Além do culto visceral neoliberal-monetarista do tripé da política fiscal (taxa de juros real, para atingir a meta de inflação, que no fim do governo tucano perdeu o controle e ficou em 24,5%; taxa de cambio flutuante, que FHC manteve fixa para se reeleger e no início do ano de 1999 foi liberada gerando instabilidade em alguns setores da atividade econômica; e rigor no controle dos gastos públicos, que aumentou dramaticamente a miséria no governo do triunvirato PSDB-PFL-PMDB, que agora só será invertido: PMDB-PSDB-DEM).
O campo social é o que mais sofre com o velho estilo oligárquico, coronelista, manobrista, conspiratório, aconchavantista, golpista, mandonista, agora em ação novamente na política brasileira, que historicamente alijou o social do processo governamental pelo açambarcamento elitista do poder.
Na área judiciária, insofismavelmente vê-se na maioria de seus agentes públicos a paixão conservantista exasperada em afronta aos preceitos que regem a judicancia, a judicatura, para efetivamente se distribuir a justiça e dar a cada um o que é seu.
No Legislativo, especialmente na Câmara dos Deputados, se assistiu ao circo dos horrores, onde se observou na claridade solar o quanto a Nação é mal representada e está sob o jugo de legisladores despreparados para legislar sobre o decantado "País do Futuro", tão prometido e ansiado pelos brasileiros.
Dito isto, não se pode vislumbrar a curto e médio prazos o caminho para o Brasil trilhar sem solavancos, uma vez que deverá se constituir um Governo Federal espúrio, sem qualquer compromisso com a Pátria por não ter apoio popular; sem planos, por ser forjado no golpe, na vingança e no revanchismo; e sem perspectiva, porque será aglutinado por forças conservadoras, direitistas e patrimonialistas que só pensam no próprio umbigo. Coitada da Terra da Vera Cruz!

ÚLTIMAS NOTÍCIAS