Pensar Piauí

PT, este preço vale a pena ?

PT, este preço vale a pena ?

Estamos nos encaminhando para mais um ano de eleições para a presidência da República e o governo do Piauí. Com isso a movimentação politica se processa. Aqui no Piauí fala-se de reforma administrativa e o caráter que “os boatos” dão a esta reforma me assombram enquanto militante petista. Antes de entrar nos detalhes da atual movimentação vamos relembrar 2014.

Tal qual agora, no início daquele ano falava-se da aliança PT/PP e da possibilidade de Iracema Portela ser vice de Wellington Dias. Me posicionei na internet lembrando o passado da deputada ligado a ditadura militar (Obs: os militares no poder foi um golpe na democracia de então).

Pois bem, agora volta-se a falar de mais espaços para o PP no atual governo Wellington Dias. Não consigo compreender isso. E, já respondendo a pergunta do título penso que não vale a pena pagar este preço, ou procurando uma melhor resposta, penso que outras formas de exercer o poder poderiam ser testadas (também não é para isto que governos dito populares existem?).

Por princípio não sou uma pessoa contra processos de alianças politicas. Elas podem e devem acontecer mas um dos determinantes para isso não é a conveniência da próxima eleição, é a conjuntura do momento. Estamos em 2017, a menos de um ano Ciro Nogueira e Iracema Portela, oficialmente, votaram contra a presidenta do PT. Golpearam a democracia. É demais estar com eles.

Em 1998 (eleição em que Wellington Dias se elegeu deputado federal) me posicionei claramente por aquela aliança PT/PSDB (Chico Gerardo/Antônio José Medeiros). Apesar da disputa nacional, na minha visão, a sociedade de então pedia a união das duas forças politicas e havia a possibilidade de se criar uma nova cultura dirigente para o Piauí com quadros oriundos do PT e do PSDB. Em 2002, fui um dos poucos petistas do Piauí (junto com o próprio Wellington Dias, Francisco Antônio, Guedes e Joaquim Almeida) a defender a aliança proposta para então: PT/PCdoB (Olavo Rebelo)/PL (Xavier Neto). Naquele momento, o povo também pedia abertura ao PT para que o próprio Partido pudesse ganhar uma eleição. E ganhou.

Mas os tempos agora são outros. A nação viu a democracia ser vergonhosamente golpeada e exige altivez do PT.

Wellington Dias foi eleito em 2014 (para seu terceiro mandato) e, este agora, traz uma diferença, está envolto numa difícil conjuntura econômica. O mundo está em crise, o Brasil está em crise, consequentemente, a situação do Piauí não é das melhores. Sofro pelo meu amigo Wellington Dias. Sei como deve ser difícil governar numa maré dessas: uma economia adversa e um governo central adversário e golpista. Até ai entendo que tenha-se engolido a seco a companhia do PP e convivido com ele neste governo. O que não entendo é a articulação que é feita para se continuar com ele.

-Ah! Mas se o PTB não é mais aquele e o PMDB também é golpista e não vem todo, que forças vão reeleger Wellington Dias em 2018?

Tradicionalíssima pergunta que é feita nas rodas da politica. Como disse acima acho que governos populares devem se dar ao luxo de fazer experimentos. Que tal uma aliança direta entre Wellington Dias e o povo do Piauí que ele tão bem conhece. Porque não estabelecer um dialogo direto com este povo desgarrando-se de envelhecidas e viciadas estruturas partidárias?

Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, respondendo a um repórter que o indagou se daria certo a liberação do uso da maconha naquele país, o disse da seguinte forma: “o que eu sei que não dá certo é o sistema de combate que tínhamos até então. Este novo sistema não sei se vai dar certo, estamos experimentando, se não der certo tentamos outra coisa. Agora, a politica de combate já provou por A mais B que não dá certo.”

Saindo da discussão da liberação das drogas e voltando para a politica faço como disse o Mujica: governos que conseguem governabilidade na forma do toma lá da cá, não vão longe.

Wellington Dias tem toda a minha admiração. Conheço sua vontade de fazer o bem pelo Piauí, sei de sua inteligência, sua dedicação e, sei que faz isso, pensando que é o melhor para o Piauí. Mas vou bater numa mesma tecla: Wellington, e só Wellington Dias tem hoje as condições de um dialogo aberto e direto com o povo do Estado que será capaz de alçá-lo a mais uma vitória eleitoral, desta vez com o governo liberto de assaltantes do erário publico

Não quero acompanhar a anunciada diáspora petista (ainda resisto). Reservado o compromisso assumido com o companheiro Merlong Solano vou aqui, com o coração rasgado anunciar a anulação do meu voto para governo do Piauí, caso se concretize a malfadada aliança com Ciro Nogueira. Não espero a Lava Jato para excluí-lo do meu caminho. É duro, muito duro ver Wellington Dias candidato e não dar um voto. Mas não votarei em quem destituiu uma presidenta honesta, aprovou a PEC do fim do mundo e vai votar pelo extermínio dos direitos trabalhistas e previdenciários do povo brasileiro (e piauiense).

Não voto em quem controla a saúde brasileira e na indicação do ministro golpista da saúde coloca um cara financiado pelos planos privados de saúde e que contrariando os aspectos constitucionais de tornar a saúde mais pública e universal ainda, anuncia a sua financeirização. Não dá para ver o PT contribuir com esse projeto.

Nem tudo na política é possível.

Há um novo tempo na política (não confundir com o jogo partidário costumeiro). Há novos atores, novas formas de organização, novas demandas, outras possibilidades de comunicação.

Volto a insistir com o tal “governo popular”. Para que um governo do PT, se o governo do PT vai eternamente (em todos os seus mandatos) dar sobrevida a esquemas políticos que beneficiam apenas algumas famílias piauienses como as de Temistocles Filho, Robert Rios (cresceu muito às custas do PT), Ciro Nogueira, Julio Cesar e outros?

Não estou aqui defendendo “paredon” a ninguém. Mas é preciso a distinção de papeis nesta seara política.

Sou uma voz unitária. Não sou de nenhum grupo do PT, de nenhuma tendência, não tenho votos (a eleição passada que o diga) mas sei que não sou voz única. Lamento que outras semelhantes, não saiam do sussuro. Mas não perco as esperanças no meu PT (como diz o Fernando: “quero meu PT de volta”).

E, se de todo, as conveniências liquidarem o PT, a esquerda há de oferecer alternativa para que a utopia de um novo tempo, um novo comportamento, uma nova gente, não pereça frente aos famigerados GOLPISTAS.

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