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Placas tectônicas se mexem em Brasília: Lira, sentiu o bafo quente de Lula

Lula mira num acordo com Edir Macedo

Foto: Montagem pensarpiauiArthur Lira e Lula
Arthur Lira e Lula

Por Renato Rovai, jornalista, na Fórum  

Engana-se quem pensa que há uma disputa entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PL-AL), e o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais. O buraco é mais em cima. Quem quer ver Lira fora da presidência da Câmara e não quer que ele faça seu sucessor tem nome e sobrenome: Luiz Inácio Lula da Silva.

O mesmo Lula que coordenou o acordo com Lira em 2023 e apoiou sua reeleição à presidência da Casa, fazendo com que o PT votasse nele e dando-lhe 464 votos entre 513 deputados. Por quê? Porque Lula sabia que ia perder aquela eleição e preferiu entregar os anéis a entregar os dedos.

Agora, a situação mudou. O governo vai enfrentar Lira e seu candidato, Elmar Nascimento (UB-BA), que é ressentido porque não foi escolhido para o Ministério das Comunicações, conforme esperava, devido a uma intervenção de Rui Costa e Jaques Wagner.

O nome preferido da base de Lula é Antônio Brito (PSD-BA), apoiado por Kassab, PSD e pelo MDB, e que poderia ter o apoio também de todo o campo progressista e passar de 200 votos. Isso lhe daria as condições objetivas para enfrentar Elmar Nascimento no segundo turno.

Lula também gosta da opção Antônio Brito, mas tem conversado muito sobre a alternativa Marcos Pereira (Republicanos-SP), que é considerado um cara cumpridor de acordos e bom de papo.

Pereira é considerado um advogado talentoso, habilidoso nas articulações políticas e cumpridor de acordos. Tem a simpatia do Centrão e de alguns deputados do próprio PL por ter feito a campanha de Bolsonaro. E é da Universal do Reino de Deus, ou seja, liderança evangélica.

Lula enxerga na candidatura de Pereira uma chance de matar dois problemas com uma cajadada só. Se o governo vier a apoiá-lo no primeiro turno, Pereira pode liquidar a fatura sem que haja um segundo escrutínio. Seria uma vitória espetacular contra Lira. Mas Lula também acha que o apoiar pode resolver seu problema com o setor evangélico, já que o bolsonarismo apoiaria Elmar Nascimento e isso faria com que as portas ficassem abertas para Lula atrair ao menos a Universal para a sua canoa.

Lula tem conversado com interlocutores para verificar se há chance de um acordo dessa natureza com o bispo Edir Macedo.

As placas tectônicas estão se mexendo em Brasília. E erra quem pensa que o problema de Lira é Padilha. É Lula que se pintou e está pronto para derrotar Lira, que sentiu o bafo quente do pernambucano que se diz paz e amor, mas que também adora derrotar quem o atormenta.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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